Expresso, edição de 12-09-2020 |
O semanário Expresso
publicou hoje uma notícia de primeira página cujo título é “Costa e Medina na
comissão de honra de Luís Filipe Vieira” e, após terem sido questionados pelo
jornal, confirmaram a aceitação do convite e disseram que o fizeram na condição
de adeptos. A presença do Primeiro-ministro e do presidente da Câmara Municipal
de Lisboa na comissão de apoio a um candidato à presidência de um clube de
futebol é um exemplo chocante da promiscuidade entre a política e o futebol, um
caso de falta de senso e de paixão futebolística irracional, mas também de
calculismo eleitoralista e de falta de ética republicana. Fiquei surpreendido
com esta opção de António Costa e de Fernando Medina e, como cidadão eleitor,
reprovo esta sua opção populista. Foi um valente tiro nos pés e num país a
sério seria o seu suicídio político.
Acontece que o
Benfica vai ter eleições em finais de Outubro e que já estão anunciados cinco
candidatos à presidência, sendo que um deles é Luís Filipe Vieira (LFV), que
governa o Benfica desde 2013 e se arrisca a tornar-se o presidente perpétuo do
clube.
Porém, segundo
diz o Expresso e outros jornais, nos
últimos anos o Benfica e o seu presidente envolveram-se em casos de justiça,
sendo LFV um dos arguidos na Operação
Lex, podendo ser acusado em breve do
crime de recebimento indevido de vantagem por alegadamente ter prometido cargos
a um juiz desembargador no seu clube. Depois há o caso e-Toupeira, em que o Benfica foi ilibado, mas em que o seu assessor
jurídico Gonçalves foi acusado dos crimes de corrupção activa e de violação do
segredo de justiça pelo que foi afastado, embora continue a participar nos
negócios do clube. Outro problema com LFV - que Costa e Medina apoiam - é a
dívida do clube, do seu presidente ou do seu grupo ao Novo Banco, que uns
jornais dizem ser de 656 milhões de euros e outros referem ser de 760,3 milhões
de euros. Esse caso é muito grave porque está impune, enquanto os contribuintes estão a pagar. Hoje mesmo o Correio da Manha
dizia que “Novo Banco empresta 20 milhões ao Benfica”.
Como conciliar
isto tudo? Que ética é esta? A crise social e económica que temos pela frente é tão grave e tão incerta que bem precisávamos de gente sensata e de bons exemplos.
Hoje o Costa e o Medina desiludiram-me, até porque eu não acredito em almoços grátis.