quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

A crise brasileira e os pecados do Jair

Três dias depois dos graves acontecimentos ocorridos em Brasília, que configuraram uma tentativa de golpe de estado apoiada em actos de terror e vandalismo nos assaltos às sedes dos três Poderes, com graves danos à estrutura dos edifícios e à memória histórica brasileira, o Datafolha - instituto brasileiro independente de pesquisa de opinião - tratou de interrogar a população a respeito do que se passara. A primeira conclusão do estudo baseado numa amostra de 1.214 entrevistas, que foi publicado pelo diário O Globo e por outros jornais brasileiros, é que os actos golpistas são condenados por 93% dos brasileiros e que apenas 3% dos entrevistados disseram apoiar a invasão do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Congresso. O estudo também verificou que 77% dos entrevistados acham que os envolvidos naquelas acções serão responsabilizados e que 42% esperam uma pena dura.
A sondagem também procurou conhecer a opinião sobre a forma como foi enfrentada a situação, havendo 82% que aprovaram a intervenção federal, 60% que defendem o afastamento do governador de Brasília e 64% que consideram que o governo de Lula da Silva conseguirá controlar as próximas e previsíveis acções dos golpistas afectos a Jair Bolsonaro.
Bolsonaro e os seus apoiantes mais radicais procuraram imitar a destabilização que Donald Trump inspirara no assalto ao Capitólio, mas apenas conseguiram desmobilizar muitos dos seus apoiantes que condenam o vandalismo exibido. De resto, um dos dados mais interessantes do estudo do Datafolha é a verificação de que 55% dos entrevistados aponta responsabilidades directas a Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe.
As autoridades brasileiras estão agora mais atentas e já estão a investigar, mas tudo aponta para a culpa directa ou indirecta de Jair Bolsonaro e do seu trumpismo populista e anti-democrático.