Três dias depois
dos graves acontecimentos ocorridos em Brasília, que configuraram uma tentativa
de golpe de estado apoiada em actos de terror e vandalismo nos assaltos às
sedes dos três Poderes, com graves
danos à estrutura dos edifícios e à memória histórica brasileira, o Datafolha - instituto brasileiro independente de pesquisa de opinião - tratou de interrogar a população a
respeito do que se passara. A primeira conclusão do estudo baseado numa amostra
de 1.214 entrevistas, que foi publicado pelo diário O Globo e por outros
jornais brasileiros, é que os actos golpistas são condenados por 93% dos
brasileiros e que apenas 3% dos entrevistados disseram apoiar a invasão do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do
Palácio do Congresso. O estudo também verificou que 77% dos entrevistados acham
que os envolvidos naquelas acções serão responsabilizados e que 42% esperam uma
pena dura.
A sondagem também procurou conhecer a opinião sobre a
forma como foi enfrentada a situação, havendo 82% que aprovaram a intervenção
federal, 60% que defendem o afastamento do governador de Brasília e 64% que
consideram que o governo de Lula da Silva conseguirá controlar as próximas e
previsíveis acções dos golpistas afectos a Jair Bolsonaro.
Bolsonaro e os seus apoiantes mais radicais procuraram
imitar a destabilização que Donald Trump inspirara no assalto ao Capitólio, mas
apenas conseguiram desmobilizar muitos dos seus apoiantes que condenam o
vandalismo exibido. De resto, um dos dados mais interessantes do estudo do
Datafolha é a verificação de que 55% dos entrevistados aponta responsabilidades
directas a Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe.
As autoridades brasileiras estão agora mais atentas e já
estão a investigar, mas tudo aponta para a culpa directa ou indirecta de Jair Bolsonaro e do seu
trumpismo populista e anti-democrático.