sábado, 29 de abril de 2023

A corrida para a Casa Branca já começou

O diário americano Newsday noticiou que o Presidente Joe Biden será candidato nas próximas eleições presidenciais que se realizarão no dia 5 de novembro de 2024, tendo Kamala Harris como candidata a vice-presidente, isto é, recandidatam-se pelo Partido Democrático as duas personalidades que actualmente ocupam aqueles cargos. Pelo Partido Republicano anuncia-se a provável candidatura do ex-presidente Donald Trump, embora também se anuncie a possível candidatura de Ron DeSantis, o governador da Flórida.
Este é o tempo em que se anunciam várias candidaturas, mas os candidatos que irão às urnas serão escolhidos nas eleições primárias realizadas pelos principais partidos, isto é, os candidatos afirmam a sua disponibilidade, mas são os partidos que os escolhem.
As eleições americanas são importantes para a América e para o mundo, porque a escolha do presidente do mais poderoso país do planeta acontece num altura de muita instabilidade, conflitualidade e incerteza.
A generalidade dos analistas espera pelo reencontro eleitoral do próximo ano entre Joe Biden e Donald Trump, cujos projectos políticos são bem diferentes. Tanto assim é que já começaram a aparecer as primeiras sondagens que dão 48% das intenções de voto a Trump e 45% a Biden, o que mostra como as eleições americanas vão ser disputadas e como os americanos se vão dividir uma vez mais, num tempo em que deveria haver uma forte unidade nacional.
Após o anúncio da recandidatura de Biden, as “hostilidades” começaram de imediato e o ex-presidente Trump tratou de fazer as primeiras declarações polémicas ao afirmar que iria “reconquistar a Casa Branca” e ao prometer “esmagar” o seu adversário.
No próximo ano Joe Biden e Donald Trump terão, respectivamente, 82 e 78 anos de idade, pelo que muita gente pergunta se ainda estão dentro do prazo de garantia.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Lula em Portugal: foi bonita a festa pá!

Durante alguns dias fui passear, mudar de ares e melhorar os meus conhecimentos históricos e geográficos no nordeste espanhol, sobretudo na Comunidade Autónoma do País Basco (Euskadi) e nas suas províncias de Álava (Vitoria-Gasteiz), Biscaia (Bilbao) e Guipúscoa (San Sebastián-Donostia). Por esse motivo, não acompanhei a visita a Portugal do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nem a entrega do Prémio Camões a Chico Buarque, nem as festividades alusivas aos 49 anos do 25 de Abril.
Não se pode ter tudo, mas julgo ter perdido algumas dos mais emocionantes episódios da nossa vida pública do corrente ano.
A visita de um presidente da República Federativa do Brasil é sempre um acontecimento que atesta e reforça os laços históricos, culturais e afectivos entre os dois países irmãos, embora alguns deputados não percebam isso. Assim aconteceu com o deputado Rangel que veio de Bruxelas de propósito para insultar Lula da Silva, só porque não pensa como ele. Depois foram os deputados do partido de André Ventura que, miseravelmente, não souberam respeitar o símbolo maior do Brasil e esqueceram que milhões de portugueses foram acolhidos no Brasil ao longo do processo histórico, tal como muitos brasileiros sempre foram recebidos em Portugal. Tiveram a resposta que mereceram - “Chega de envergonhar Portugal” - foi o que bem lhes disse Augusto Santos Silva, o Presidente da Assembleia da República.
O Presidente Lula da Silva partiu depois para Espanha sem confundir as árvores podres que aqui viu com a enorme floresta portuguesa. Partiu contente e mais prestigiado. Em Madrid foi recebido por Filipe VI e por Pedro Sánchez, enquanto o prestigiado jornal El País não perdeu a oportunidade para lhe fazer uma extensa entrevista em que, sobre a guerra da Ucrânia, disse que “solo los que están fuera de la guerra pueden pararla” e que “cada bando quiere ganar y muchas veces una guerra no necesita un ganador”. Dessa forma, o Presidente Lula repetiu que o caminho para a paz na Ucrânia é uma terceira via com países neutrais, que estejam dispostos para negociar uma saída para a guerra que foi iniciada pela Rússia, acrescentando “no quiero agradar a nadie, quiero construir un camino para la paz en Ucrania”.
As suas posições já colocaram Lula no patamar mais alto da política mundial. Desejamos-lhe sucesso.

sábado, 22 de abril de 2023

Lula da Silva, o Brasil e a paz na Ucrânia

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em Portugal e a sua presença não pode deixar de ser um motivo de satisfação para os portugueses, porque ele representa o país-irmão, ou o país de que estamos mais próximos nos aspectos históricos e culturais. Hoje, como nunca acontecera antes, há muitos portugueses no Brasil e muitos brasileiros em Portugal, dando um tom mais fraterno e mais íntimo entre os dois países que falam a mesma língua.
Porém, nem todos os portugueses pensam da mesma maneira como se viu na forma agressiva e desorientada como o deputado Rangel reagiu a esta visita, apenas porque Lula da Silva e a diplomacia brasileira têm pensamento próprio e apostam num contributo para que se encontre uma saída para o conflito na Ucrânia, embora no próprio Brasil também haja quem não perceba a táctica externa de Lula da Silva, como mostra a última edição da revista IstoÉ. O pequeno Rangel até pareceu imitar o histerismo de Jens Stoltenberg e, quem sabe, se não quer vir a ocupar o seu lugar na NATO.
O facto é que os acontecimentos que se vivem na Ucrânia são muito complexos e são mais profundos do que a simples ideia, embora verdadeira, de que há um invasor e um invadido. Na última edição do Eurobarómetro foram entrevistados 26.468 cidadãos de 27 países da União Europeia (EU) entre 12 de Janeiro e 6 de Fevereiro e verificou-se existir um forte apoio à resposta da UE à invasão da Ucrânia pela Rússia, com 91% dos inquiridos a concordarem com a prestação de apoio humanitário e 88% a apoiar o acolhimento na UE de pessoas que fogem da guerra. O fornecimento de apoio financeiro à Ucrânia é aprovado por 77% dos cidadãos, enquanto a imposição de sanções económicas aos russos tem o apoio de 74% dos entrevistados, embora o financiamento da UE para a compra e fornecimento de equipamento militar para a Ucrânia só tenha o apoio de 65% dos cidadãos europeus. Por agora, o Eurobarómetro não perguntou a opinião dos cidadãos europeus sobre o que pensam quanto à forma de se poder parar com esta guerra e as suas tragédias. Ora essa parece ser uma aposta de Lula da Silva, que não aposta apenas no interesse brasileiro, mas também numa fórmula para a paz na Ucrânia.
Bem-vindo a Portugal Presidente Lula da Silva!

sexta-feira, 21 de abril de 2023

A paz, a guerra e o negócio do armamento

O jornal espanhol El Mundo, que é o segundo maior diário espanhol, anuncia hoje com destaque de primeira página, que os Estados Unidos vão entregar ao reino de Marrocos 112 supermísseis terra-terra de três modelos diferentes e com alcances entre os 82 e os 305 quilómetros, bem como 18 lançadores HIMARS, o que vai alterar o equilíbrio militar entre Marrocos e a Espanha. Estes lançadores de mísseis são iguais aos que têm sido entregues à Ucrânia e que o presidente Zelensky tanto tem elogiado, mas os mísseis são de potência superior aos que têm sido fornecidos aos ucranianos. O jornal refere, ainda, que este milionário investimento se enquadra num ambicioso plano para modernizar o exército marroquino para poder disputar a hegemonia regional com a vizinha Argélia, convertendo o reino de Marrocos numa potência regional até ao ano de 2030. Nesta altura, Marrocos afecta cerca de 4,2% do PIB a despesas militares, enquanto muitos países da NATO nem sequer atingem o valor de referência que é 2%. 
Esta notícia interessa à Espanha, mas também interessa a Portugal, pois diz respeito aos seus vizinhos do norte de África e é muito preocupante, pois mostra que o negócio do armamento supera todos os outros interesses partilhados pela Aliança Atlântica. É caso para pensar que alguns países da NATO, como acontece com Portugal e com a Espanha, vão passar a estar potencialmente ameaçados pelo reino de Marrocos, porque está a ser armado por um outro membro da NATO. Significa que, a pretexto de se disputar a superioridade entre Marrocos e a Argélia, o negócio da venda de armas se sobrepõe às considerações geopolíticas e aos interesses comuns dos membros da Aliança Atlântica. Quem nos diz que o reino de Marrocos não quer regressar ao Al-Andaluz, como fez o Califado Omíada no século VIII? É que tem havido declarações de responsáveis islâmicos a reivindicar a recuperação do Al-Andaluz, que foi o nome que há doze séculos os invasores deram à Península Ibérica. Significa que há alianças e ameaças, que há paz e há guerra, mas o que conta são os negócios, inclusive de armamento.

A aventura espacial a caminho de Marte

A Space Exploration Technologies Corp. é uma empresa conhecida como SpaceX, tem a sua sede na cidade californiana de Hawthorne e dedica a sua actividade à concepção e produção de sistemas aeroespaciais, transporte espacial e comunicações. Foi fundada por Elon Musk e fabrica motores de foguetes, cápsulas de carga, aeronaves tripuladas, satélites de comunicações e veículos de lançamento como o Falcon 9 e o Falcon Heavy. Recentemente a SpaceX criou o Starship, um veículo de lançamento superpesado com 119 metros de altura, que é o maior e mais poderoso veículo de lançamento construído até hoje, cujo objectivo expresso é a colonização espacial e cuja primeira missão será o eventual pouso em Marte de uma nave tripulada. Tanto Júlio Verne como Wernher von Braun ficariam entusiasmados com este projecto!
Elon Musk anunciou o seu interesse na colonização de Marte em 2001 e no ano seguinte fundou a SpaceX, tendo anunciado a data de 2029 para concretizar o primeiro pouso tripulado em Marte, para garantir a sobrevivência da espécie humana no longo prazo.
O Starship consta de duas partes: o propulsor que é um gigantesco foguete de 70 metros de altura com 33 motores e a espaçonave de 50 metros de altura, que é acoplada no topo do propulsor durante o lançamento e que depois se solta quando o propulsor consome todo o seu combustível.
Ontem, realizou-se a primeira tentativa de voo do Starship em teste orbital não tripulado. O foguete mais poderoso já construído descolou de uma plataforma de lançamento no Texas, mas terminou quatro minutos depois, quando o foguete falhou a sua entrada em órbita, começou a rodar e explodiu, provocando um enorme clarão sobre o golfo do México. “Foi um bom primeiro passo e uma oportunidade para aprendizagem”, declarou Elon Musk. As fotografias da explosão do Starship foram publicadas na generalidade da imprensa americana, nomeadamente no jornal The Dallas Morning News.

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Xi Jinping e a China estão muito activos

Nos últimos tempos as visitas de altos dignitários mundiais à República Popular da China têm sido frequentes e, só no corrente mês de Abril, entre outros ocorrem-nos as visitas de Pedro Sánchez (Espanha), Anwar Ibrahim (Malásia), Lee Hsien Loong (Singapura), Emmanuel Macron (França), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia) e Lula da Silva (Brasil).
Hoje, o jornal Global Times, que reflecte as posições do Partido Comunista Chinês, anuncia a visita do presidente Ali Bongo Ondimba (Gabão), o que mostra como muitos países estão interessados em ter boas relações com a China, mas também que a China procura fortalecer a sua cooperação e a sua influência em todos os continentes. No caso do Gabão, o interesse chinês centra-se nos abundantes recursos naturais do país, sobretudo o petróleo e as madeiras, mas também na importância de ocupar posições estratégicas no golfo da Guiné e de contrabalançar a “corrida para a África” que está a ser conduzida pelos Estados Unidos, Rússia e União Europeia, que estão a tornar o continente africano numa terra de disputa entre as grandes potências.
O presidente Xi Jinping tem marcado muitos pontos desde a sua reeleição e após a sua visita à Rússia, que aconteceu há um mês, na qual expressou apoio a Vladimir Putin e considerou a Rússia como “um bom vizinho”. Para que não haja dúvidas, Xi Jinping fez-se fotografar com todos os dignitários que estiveram em Pequim, para mostrar que a diplomacia chinesa está muito activa em todos os tabuleiros e que a estratégia chinesa procura o multilateralismo e uma nova ordem mundial, sem se esquecer das suas reivindicações relativamente a Taiwan.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

O HMS 'Surprise' é estrela em San Diego

A boa imprensa é aquela cumpre a função informativa através do relato de acontecimentos com verdade, objectividade, rigor e sem confundir factos com opiniões, mas que também cumpre uma função formativa, ao esclarecer os leitores sem os manipular com distorções sensacionalistas ou emocionais. Esta abordagem simplista da boa imprensa tem a ver com o destaque da edição de hoje do The San Diego Union-Tribune, um jornal diário que se publica desde 1868 em San Diego, na Califórnia.
O jornal destaca na primeira página a história do HMS Surprise, uma fragata que foi utilizada no filme Master and Commander: the Far Side of the World, realizado em 2003 e que teve como protagonista o actor Russel Crowe. O navio é uma réplica da fragata britânica HMS Rose que participou na Guerra da Independência dos Estados Unidos e que foi construída em 1969. É um grande navio com 179 pés de comprimento e cujo mastro principal tem 130 pés de altura, mas que esteve abandonado em Newport até que a 20th Century Fox o adquiriu por 1,5 milhões de dólares, mudou o seu nome de Rose para Surprise e o remodelou, após o que foi levado para San Diego, via canal do Panamá.
Num livro de muito sucesso agora publicado com o título “All Hands on Deck”, o autor Will Sofrin conta a história do navio e da viagem de 6.000 milhas feita entre Newport (Rhode Island) e San Diego (Califórnia), na qual foi um dos seus trinta tripulantes e que classificou como “angustiante” devido às difíceis condições meteorológicas que encontraram.
Depois das filmagens em que o HMS Surprise foi a estrela de um filme de Hollywood que se tornou famoso, o navio foi adquirido pelo Museu Marítimo de San Diego e hoje faz parte da sua colecção de navios, sendo também um ex-libris da cidade que recorda o filme ali produzido.
A boa imprensa é aquela que divulga histórias como esta.

domingo, 16 de abril de 2023

As reformas e a agitação social em França

Na sua campanha para as eleições presidenciais de 24 de Abril de 2022 que o reelegeram com 58,55% dos votos, o candidato Emmanuel Macron tinha defendido a necessidade de uma nova lei das pensões, para evitar a previsível rutura do sistema. No princípio do corrente ano, cumprindo o programa eleitoral de Macron, o governo francês apresentou um pacote legislativo que incluía como principal medida o alargamento da idade mínima da reforma de 62 para 64 anos e a necessidade de uma carreira contributiva de 43 anos para aceder a uma pensão de reforma a 100%. Esse alargamento será progressivo, ao ritmo de três meses por ano, com início no dia 1 de Setembro de 2023, pelo que a idade da reforma só atingirá os 64 anos em 2030.
Apesar do regime francês ser o mais favorável de toda a Europa, este anúncio provocou uma forte contestação dos sindicatos e dos partidos da oposição, sobretudo a extrema-direita de Marine Le Pen e a esquerda de Jean-Luc Mélenchon, tanto no parlamento como nas ruas. A contestação nas ruas tem sido muito violenta, com confrontos com a polícia, destruição de equipamento urbano, incêndios e até assaltos a esquadras da polícia, como as televisões nos vão mostrando. As forças contestatárias esperavam que o Senado e o Conselho Constitucional travassem as intenções do governo, mas assim não aconteceu. A validação das intenções governamentais pelo Conselho Constitucional foi o último acto desta disputa, representando uma vitória política de Emmanuel Macron, mas os sindicatos já prometeram que as próximas semanas serão de luta. A imprensa francesa tem dado voz a esta luta contra o alargamento da idade da reforma e o jornal Libération diz mesmo pas vaincus. Vêm aí dias difíceis para os franceses!

sábado, 15 de abril de 2023

Lula recoloca o Brasil no palco mundial

O presidente Lula da Silva está em visita à República Popular da China e essa visita significa o regresso do Brasil ao patamar mais elevado das relações internacionais, um lugar que lhe é devido e de que estivera afastado durante o mandato de Jair Bolsonaro. Desde que assumiu a presidência da República Federativa do Brasil, o presidente Lula da Silva começou por visitar a Argentina e o Uruguai, seguiu-se uma visita aos Estados Unidos e agora à China, a que se seguirá uma visita a Portugal. Trata-se de uma itinerância inteligente que, em menos de quatro meses, ressuscitou o prestígio internacional do Brasil.
Sabe-se como o Brasil está dividido emocional e politicamente, mas sabe-se também como são enormes as dificuldades para unir o país, mas os primeiros cem dias de Lula da Silva já mudaram a sua imagem, como mostra a sua actual viagem à China, embora não tenha tido, até agora, grande destaque na imprensa brasileira. A excepção é a edição de hoje do jornal O Globo do Rio de Janeiro, que dedica uma fotografia a toda a largura da sua primeira página à visita que se iniciou em Shangai, onde Lula da Silva participou na cerimónia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do Banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e South Africa). Depois seguiu-se Pequim, com uma recepção entusiástica, as reuniões com o presidente Xi Jinping e os inúmeros encontros sectoriais dos visitantes brasileiros com os seus homónimos chineses de que resultou a assinatura de quinze acordos de cooperação.
Lula declarou que “temos interesse em construir uma nova geopolítica” e que “ninguém vai proibir” o Brasil de o fazer. Sobre a guerra na Ucrânia que continua a pressionar alinhamentos geopolíticos e económicos em torno das grandes potências mundiais, Lula da Silva mostrou que tem uma política externa autónoma do Ocidente e dos Estados Unidos e que o Brasil se move apenas pelos seus próprios interesses, tendo salientado que os Estados Unidos devem deixar de encorajar a guerra e que a Europa deve passar a falar mais de paz.
Para aqueles que no Brasil ou no exterior tinham dúvidas, embora envolvida em polémica, aí está a prova do enorme prestígio e independência de Luiz Inácio Lula da Silva.

sexta-feira, 14 de abril de 2023

A oferta cultural nas cidades americanas

Houston é a mais populosa cidade do Texas e a quarta de todas as cidades americanas, mas não é a capital do estado que está localizada em Austin. A cidade situa-se na orla do golfo do México, dispõe do principal porto comercial dos Estados Unidos e tem um grande dinamismo económico, tecnológico e cultural, sendo um importante ponto de apoio da actividade aeroespacial e da indústria petrolífera americanas. Em paralelo com a sua pujança económica e tecnológica, a vida cultural da cidade também é muito dinâmica e, durante os fins-de-semana, são realizados inúmeros eventos culturais para fruição da população, para os quais é feita a devida promoção estimulante da participação.
Na sua edição de hoje o jornal Houston Chronicle apresenta, com destaque de primeira página, a fotografia do Elissa, um veleiro armado em barca, destacando a visita de seis Tall Ships como um dos mais emblemáticos eventos que se realizam na cidade, ou antes, na ilha de Galveston, situada a cerca de 80 quilómetros da cidade. A barca Elissa pertence à Galveston Historical Foundation e, juntamente com os outros Tall Ships, promove visitas a bordo e proporciona pequenos cruzeiros destinados a estimular o gosto pelo mar e pela navegação à vela. Porém, para além da sua regular oferta cultural, a cidade ainda promove eventos especiais como o Art Car Weekend que enquadra inúmeras actividades relativas ao culto do automóvel, enquanto a Asia Society Texas exibirá filmes de sucesso produzidos pela indústria cinematográfica indiana que é conhecida por Bollywood e, em complemento dos museus e das galerias, a Anya Tish Gallery irá apresentar uma grande exposição de pop-art.
As cidades americanas são habitualmente conhecidas pela diversidade da sua oferta cultural, designadamente as que se situam na costa leste, como Boston, Nova Iorque e Filadélfia, mas a diversidade cultural de Houston concorre cada vez mais com aquelas emblemáticas cidades.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

A ambição e a nova era dos porta-aviões

O jornal turco Daily Sabah anunciou na sua edição de ontem a entrada ao serviço do novo TCG Anadolu (L-400), afirmando ser o primeiro porta-drones, ou um navio com uma plataforma de voo destinada a aeronaves não tripuladas. Na cerimónia da entrega deste novo navio-chefe da Marinha Turca, o presidente Recep Tayyip Erdoğan afirmou que o Anadolu é um símbolo do "século da Turquia”, salientou que o seu país é um dos poucos países do mundo que fabrica os seus próprios navios de guerra e não escondeu a sua ambição para tornar a Turquia numa potência regional. Erdoğan classificou como "histórico" o facto de nos últimos vinte anos, a dependência externa do sector da defesa turca ter caído de 80 para 20%, o que mostra a evolução e a ambição turcas. 
A Turquia começou oficialmente a construir este seu primeiro navio dispondo de plataforma para aterragem de aéreos em 2016, quando Erdoğan já anunciava a sua intenção de fabricar um porta-aviões movido a energia nuclear. Ainda não é esse navio com que sonhou, mas aproxima-se. O TCG Anadolu foi construído nos estaleiros de Istambul através de um consórcio com a construtora espanhola Navantia e utilizou os planos e as tecnologias do navio de assalto anfíbio multiusos e porta-aviões Juan Carlos I (L-61).
Na semana passada o jornal francês Le Parisien destacou como tema de primeira página o “nouveau porte-avions” francês que terá propulsão nuclear, afirmando que “ce bateau sera une cathédrale de technologie”, que custará dez mil milhões de euros e estará pronto em finais de 2025.
Já não bastavam a Ucrânia e Taiwan para nos preocuparmos. O paradigma de Samuelson - canhões ou manteiga - parece estar a virar-se para os canhões, pois há alguns países a fazer musculação e a equipar-se com porta-aviões.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

O entusiasmo espanhol pela “festa brava”

Nunca fui aficionado nem entusiasta da festa brava, ao contrário de muitos dos meus amigos que são verdadeiros apaixonados por essa tradição cultural e são capazes de percorrer muitas centenas de quilómetros para assistir a uma corrida de touros, tanto em Portugal como em Espanha.
Naturalmente, a festa brava que foi a paixão de Picasso e de Hemingway, já conheceu tempos melhores em Portugal, pois os grupos de defesa dos direitos dos animais e do bem-estar animal têm estado muito activos na condenação da crueldade que envolve as actividades tauromáquicas, daí tendo resultado que a televisão pública portuguesa deixou de transmitir touradas desde 2021, apesar dessas transmissões televisivas terem larga audiência. Porém, goste-se ou não das touradas, enquanto espectáculos em que são lidados touros bravos, a pé ou a cavalo, o facto é que elas são uma importante marca identitária da cultura portuguesa, sobretudo em algumas regiões. Assim, contrariando os grupos de pressão que se opõem às touradas, são conhecidos mais de cinco dezenas de municípios portugueses que declararam a tauromaquia como Património Cultural Imaterial, de acordo com os critérios definidos pela UNESCO.
Existem as corridas de touros à portuguesa e à espanhola, mas enquanto as primeiras se caracterizam pelas cortesias, pela lide a cavalo e pela pega do touro (um prática iniciada em 1836 quando a rainha D. Maria II proibiu a morte dos touros na arena), as corridas à espanhola geram entusiasmos indescritíveis e são caracterizadas pela lide apeada e pela morte do touro.
Ontem foi a tarde inaugural da temporada sevilhana em que “la fiesta resucita en la Maestranza”, a mais antiga praça de touros espanhola. O Diario de Sevilla publicou com grande destaque a notícia da corrida ontem realizada na Real Maestranza de Sevilla em que actuou Julián López, El Juli, que “cortó dos orejas, aunque los toros de Núñez del Cuvillo no estuvieron a la altura de la cita”.

O Papa pede o fim da guerra e nós também

Depois de uns dias em que esteve internado no Hospital Gemelli de Roma devido a dificuldades respiratórias, o Papa Francisco reapareceu ontem no balcão central da Basílica Vaticana para ler a sua mensagem urbi et orbi, isto é, a mensagem com que o Papa se dirige à cidade e ao mundo e a todo o universo, perante a multidão de fiéis presentes na Praça de São Pedro.
Da sua mensagem pascal e do apelo que fez ao Cristo ressuscitado “para que a comunidade internacional se esforce para cessar esta guerra”, destacamos o seguinte texto:
“Ajudai o amado povo ucraniano no caminho para a paz, e derramai a luz pascal sobre o povo russo. Confortai os feridos e quantos perderam os seus entes queridos por causa da guerra e fazei que os prisioneiros possam voltar sãos e salvos para as suas famílias. Abri os corações de toda a Comunidade Internacional para que se esforcem por fazer cessar esta guerra e todos os conflitos que ensanguentam o mundo, a começar pela Síria, que ainda espera a paz. Sustentai quantos foram atingidos pelo violento terramoto na Turquia e na própria Síria. Rezemos por aqueles que perderam familiares e amigos e ficaram sem casa: possam receber conforto de Deus e ajuda da família das nações”.
Na sua edição de hoje, o The Wall Street Journal publicou a fotografia do Papa e salienta que ele pediu a paz para a Ucrânia, o que aqui também temos feito por diversas vezes desde o dia 24 de Fevereiro de 2022. Durante todos estes longos meses de guerra, o sofrimento do povo ucraniano e a completa destruição de muitas cidades deveriam fazer reflectir os líderes mundiais sobre as tempestades que têm provocado, por estarem amarrados aos seus interesses particulares e aos seus sentimentos belicistas. Há alinhamentos e opiniões para todos os gostos, mas não se pode esperar que uma das partes derrote a outra parte. Por isso, há que conciliar os vários pontos de vista, ceder em alguns pontos e encontrar a paz. 
É esse o dever dos homens de boa vontade, de que o Papa Francisco é um exemplo.

domingo, 9 de abril de 2023

Cristo, a festa pascal e o Rio de Janeiro

A Cristandade celebra hoje o Domingo de Páscoa que é uma grande festa porque, segundo relata o Novo Testamento, é o dia da Ressurreição de Jesus Cristo acontecida três dias depois da sua Crucificação na colina do Calvário, nas proximidades da cidade de Jerusalém.
Numa boa parte dos países do mundo, sobretudo na Europa, nas Américas e em muitos países africanos, a festa pascal conclui as celebrações da Semana Santa, em que são evocadas a paixão e a morte de Jesus Cristo, a que se segue a festa da sua ressurreição no domingo de Páscoa, com diversos rituais que variam de região para região, mas que incluem missas, procissões, troca de cumprimentos e a oferta de ovos da Páscoa. A imprensa dá sempre cobertura às festividades pascais e o exemplo da edição de hoje do jornal O Dia, que se publica no Rio de Janeiro é muito curiosa. De facto, em vez de publicar as habituais imagens de carácter religioso, o jornal pergunta aos seus leitores se já imaginaram o que seria o Rio de Janeiro sem Cristo, que é uma frase de duplo sentido, pois tanto os pode remeter para a sua religiosidade, como para a singular monumentalidade da estátua do Cristo Redentor. O título é ilustrado com uma bela fotografia da cidade do Rio de Janeiro captada do alto dos 710 metros de altitude do morro do Corcovado, sobre o qual se encontra a estátua do Cristo Redentor de braços abertos, que desde 2007 é uma das sete novas maravilhas do mundo.
Como noticiário de Domingo de Páscoa, era difícil ter maior criatividade e imaginação para salientar a festa pascal do que a elucidativa frase escolhida por O Dia Já imaginou o que seria do Rio sem o Cristo?

sábado, 8 de abril de 2023

Reconciliação entre iranianos e sauditas

Nas “margens” do golfo Pérsico situam-se dois grandes países: na “margem norte” localiza-se o Irão com 1648 mil quilómetros quadrados de superfície e cerca de 88 milhões de habitantes e, na “margem sul” encontra-se a Arábia Saudita, com 2150 mil quilómetros quadrados e cerca de 36 milhões de habitantes. Tanto a República Islâmica do Irão como o Reino da Arábia Saudita professam a religião islâmica e as suas crenças, mas enquanto o Irão é maioritariamente xiita e de cultura persa, já a Arábia Saudita é maioritariamente sunita e de cultura árabe, isto é, pertencem a grupos que dentro do islamismo são rivais políticos e religiosos. São dois grandes países produtores de petróleo e ambos são destacados membros da OPEP: a Arábia Saudita é o maior exportador de petróleo do mundo e o segundo país com mais reservas, enquanto o Irão é o segundo maior produtor de petróleo.
As duas comunidades têm rivalizado ao longo da história e, por vezes, com muita tensão, cada uma delas a procurar afirmar-se como a potência regional dominante, com a Arábia Saudita a manter fortes laços com os Estados Unidos e o Irão a ter laços também muito fortes com a Rússia. Nos últimos anos a tensão tem sido enorme e houve quem vaticinasse que à volta do golfo Pérsico, estavam todos os sinais de uma “tempestade perfeita” e de um conflito de grandes proporções. Porém, após sete anos de muita tensão e muitas ameaças recíprocas agravadas pelos conflitos na região, os iranianos e os sauditas retomaram as relações bilaterais. A reconciliação aconteceu em Pequim, cuja diplomacia conseguiu o que parecia uma impossibilidade e que é saudado pelo jornal The National, que se publica na cidade de Abu Dhabi nos Emirados Árabes Unidos.
Como se vai vendo, a China vai marcando pontos em muitos tabuleiros.

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Celebrações grandiosas da Semana Santa

Por toda a Espanha, mas também em algumas cidades portuguesas, as festividades e as procissões da Semana Santa atraem muitos milhares de crentes, mas também muitos turistas que apreciam a grandeza e os rituais das celebrações. A imprensa espanhola, sobretudo a que tem um carácter mais regional, dedica as suas primeiras páginas à Semana Santa, assim sucedendo com a edição de hoje do jornal El Norte de Castilla, que se publica na cidade de Segóvia.
A Semana Santa é uma tradição religiosa cristã que celebra a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo e que decorre desde o Domingo de Ramos até ao Domingo de Páscoa. Cada um dos dias da Semana Santa tem um significado e uma simbologia próprios no contexto bíblico e histórico da vida de Jesus Cristo, daí derivando práticas religiosas e culturais diferenciadas nas várias comunidades cristãs.
As celebrações juntam muitos milhares de fiéis e de turistas, sobretudo nas cidades espanholas e, especialmente na Andaluzia, constituindo também um cartaz turístico pois agregam o sagrado e o profano, sendo habitualmente consideradas como as mais populares, mais emotivas e maiores festas do ano nas comunidades em que se realizam.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Angola festeja 21 anos de paz e harmonia

O Jornal de Angola destaca na sua edição de hoje que os angolanos estão em paz há 21 anos e esse é um facto muito importante, que merece ser saudado. O território angolano esteve afectado pela guerra durante mais de quarenta anos, primeiro com a luta entre o poder colonial português e as forças de libertação nacional (1961-1974) e, depois, numa guerra civil em que intervieram o MPLA e a UNITA e os seus aliados (1975-2002). Com tanto tempo de guerra, que envolveu os angolanos, mas também os portugueses, os cubanos, os sul-africanos e militares de outras nacionalidades, há muitas memórias dolorosas e muitos excessos cometidos e, por isso, a paz é uma conquista que tem que ser preservada e saudada.
A primeira tentativa de paz aconteceu com a assinatura dos Acordos do Alvor de 15 de Janeiro de 1975, que estabeleceram os mecanismos de partilha do poder em Angola até à proclamação da independência, marcada e concretizada em 11 de Novembro de 1975.
A independência aconteceu no dia previamente acordado mas cada um dos três movimentos signatários dos Acordos do Alvor proclamou a sua própria independência. A guerra civil que foi travada imediatamente, sobretudo entre o MPLA e a UNITA, teve enorme envolvimento estrangeiro e durou até 18 de Março de 2002, quando os comandos militares dos dois contendores assinaram um pré-acordo de paz em Cassamba, que veio a ser confirmado no dia 4 de abril de 2002, como um acordo de paz que ficou assinalado na história como os Acordos de Luena.
Alvor e Luena, mas também outros locais simbólicos da história recente angolana, são marcos de uma longa guerra que foi travada durante mais de quarenta anos, mas desde há 21 anos que os angolanos têm paz, que é a condição primeira para o seu progresso. Ontem foi o Dia da Paz e da Reconciliação Nacional e, para bem dos angolanos e dos que gostam de Angola, é necessário que a paz e a reconciliação estejam presentes nos quotidianos daquele grande país.

segunda-feira, 3 de abril de 2023

A Finlândia é o 31º membro da NATO

A Finlândia vai tornar-se amanhã o 31º membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO na sua sigla em inglês), que é uma aliança política e militar criada pelo Tratado do Atlântico Norte, assinado em Washington no dia 4 de Abril de 1949. O Tratado instituiu um sistema de defesa colectivo que foi inicialmente assinado por doze países fundadores, mas tem havido vários alargamentos e a organização tem actualmente trinta membros.
Um dos aspectos mais relevantes do Tratado é o seu artigo 5º que estipula que “um ataque armado contra qualquer um dos seus membros, na Europa ou na América do Norte, será considerado como um ataque contra todos”. Porém, a obrigação de prestar assistência ao estado-membro atacado, não exige que os outros estados-membros utilizem forças militares contra o agressor, isto é, embora obrigados a responder, cada estado-membro conserva a liberdade de escolher o tempo e o modo da sua intervenção. Significa que a NATO é uma organização intergovernamental de estados soberanos e daí que a participação portuguesa na organização não lhe retira qualquer espaço da sua soberania nacional. Porém, no início do ano de 2022, pouco tempo depois de Vladimir Putin ter dado ordens para a “operação especial” lançada contra a Ucrânia, a vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris visitou a Polónia e afirmou que “os Estados Unidos estão preparados para defender cada centímetro do território da NATO”, enquanto Jens Stoltenberg, o secretário-geral da NATO, tem utilizado a expressão “fronteiras da NATO” e fala como se estivesse acima dos poderes soberanos de cada um dos estados-membros. 
A NATO é uma aliança intergovernamental e não tem território, nem tem fronteiras. O facto é que essa mensagem inverdadeira também já foi utilizada por Joe Biden e, hoje, ao saudar a entrada da Finlândia na NATO o jornal ABC escreveu que é “la última frontera de la OTAN”, o que nos recorda a famosa frase de Joseph Goebbels: “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”.
Quanto ao resto, se os finlandeses escolheram, está escolhido.

A crise é grande e os europeus protestam

A Europa está a atravessar uma grave crise para a qual há diversas explicações, umas mais alinhadas à direita e outras mais alinhadas à esquerda. O aumento do custo de vida, o empobrecimento dos trabalhadores e da classe média, os horizontes sombrios e sem perspectivas dos jovens e as reformas insuficientes que se fazem no “Estado Social” e na “Economia do Bem-Estar”, estão a provocar uma onda de protestos e muitas greves em vários países europeus, como salientava a edição de ontem do elPeriódico de Barcelona.
As explicações são diversas, sobretudo a não recuperação da pandemia do covid-19, a revolução tecnológica em curso e o impacto da guerra na Ucrânia, mas também são apontadas as distorções do sistema financeiro internacional e a ganância dos sectores energético, bancário e agroalimentar. Apenas sete países da União Europeia aplicaram um imposto especial sobre lucros excessivos, a mostrar como a maioria dos governos europeus parecem fazer como a avestruz e esconder a cabeça na areia. Por tudo isso, as ruas de muitas cidades europeias “estão em ebulição” com milhões de pessoas a protestar. Na Alemanha paralisaram os transportes públicos com os trabalhadores a reclamar salários dignos, numa greve descrita como a maior das últimas três décadas. No Reino Unido sucedem-se, desde há alguns meses, os protestos de professores, funcionários, enfermeiros e ferroviários. Uma situação semelhante, segundo o jornal, sucede em Portugal, nos Países Baixos e na Bélgica, enquanto a paz social em França está abalada por violentos distúrbios nas ruas, devido ao contestado projecto de alargamento da idade da reforma.
A Europa, envelhecida e altamente endividada, está realmente perante uma grave crise e sem líderes capazes de a resolver, provavelmente numa decadência irreversível.

domingo, 2 de abril de 2023

A China, os aliados e os amigos do futuro

Desde que há pouco mais de uma semana os presidentes da China e da Rússia se encontraram em Moscovo, que a China e as suas relações com os Estados Unidos têm estado em destaque na imprensa internacional. Aquele encontro veio dar uma reforçada ambição à China, bem como aos seus desígnios relativamente ao regresso à mãe-pátria de Taiwan, a sua província rebelde desde 1950, mas até mesmo em relação à disputa ou ao desafio chinês da hegemonia mundial americana.
Depois do seu encontro com Putin, o presidente Xi Jinping recebeu em Pequim o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, o primeiro-ministro da Malásia Datuk Seri Anwar Ibrahim e o primeiro-ministro de Singapura Lee Hsien Loong, tendo o jornal China Daily destacado estas três visitas com três fotografias de Xi Jinping com os três visitantes, tendo destacado como título da notícia que nestas visitas, “o multilateralismo esteve em destaque”. De facto, como António Guterres tem repetidamente anunciado, o multilateralismo ou o trabalho em cooperação sobre temas concretos, é o único caminho para combater as alterações climáticas, a pobreza, a injustiça e as desigualdades, mas também para o reforço da cooperação económica. Os encontros de Xi Jinping têm sido tudo isso, mas serão sobretudo uma forma de estabelecer alianças e de incrementar relações de toda a ordem, porque o futuro parece estar a ficar muito sombrio e a China aspira a um novo papel no mundo.
Daí que a declaração feita no passado mês de Janeiro pelo general Michael Minihan da Força Aérea americana, em que afirmou que “espero estar enganado, mas o meu instinto é que vamos lutar em 2025”, tenha um preocupante significado, pois há vários indícios de que se “contam espingardas” no Pacífico ocidental e, tal como num jogo de xadrez, a China parece ir colocando as suas peças no enorme tabuleiro que é o nosso planeta.