terça-feira, 2 de março de 2021

Um ano de covid-19 em Portugal

Perfaz-se hoje um ano sobre o dia 2 de Março de 2020 em que foram detectados os dois primeiros casos de covid-19 em Portugal e, desde então, verificaram-se 804 956 casos positivos dos quais cerca de 89,5% já recuperaram, tendo ocorrido 16 351 óbitos. Este número é dramático e supera o número de mortos havidos durante os treze anos de guerra colonial, mas esconde o drama de muitas famílias e uma realidade inesperada: o mundo mudou e nunca mais vai voltar a ser o que era, na política e na economia, na educação e na saúde, no desporto e na vida cultural. As facemasks e o take away, as conversas remotas via zoom e as compras online entraram nas nossas vidas e, durante o ano que passou, pudemos assistir a uma multidão de oportunistas que, disfarçados de especialistas, tomaram de assalto os espaços televisivos. Porém, a mediocridade da televisão portuguesa foi mais longe e entregou os seus noticiários a estagiários que, em vez de informarem e esclarecerem, apenas procuram saber o que não correu bem e arranjar responsáveis para serem queimados na praça pública. Tem sido um ano televisivamente lamentável.
Naturalmente que nem tudo tem corrido bem, até porque tudo está a passar-se num quadro que não se conhecia. No entanto, tem havido a humildade de reconhecer erros e tem havido o generoso contributo de muitos profissionais que, por detrás desta cortina que é a televisão e muitos dos seus patetas, trabalha dedicadamente nos hospitais e nos serviços de apoio à rede hospitalar. Por isso, aqui fica a minha gratidão e o meu aplauso à tenacidade e à dedicação com que a Ministra da Saúde, a Directora Geral da Saúde e as suas equipas têm enfrentado não só a pandemia, mas também o histerismo de comentadores, de estagiários de jornalismo e das ordens profissionais, tão apostadas andam na promoção pessoal dos seus bastonários.