Perfaz-se hoje um
ano sobre o dia 2 de Março de 2020 em que foram detectados os dois primeiros
casos de covid-19 em Portugal e,
desde então, verificaram-se 804 956 casos positivos dos quais cerca de
89,5% já recuperaram, tendo ocorrido 16 351 óbitos. Este número é
dramático e supera o número de mortos havidos durante os treze anos de guerra
colonial, mas esconde o drama de muitas famílias e uma realidade inesperada: o
mundo mudou e nunca mais vai voltar a ser o que era, na política e na economia,
na educação e na saúde, no desporto e na vida cultural. As facemasks e o take away,
as conversas remotas via zoom e as
compras online entraram nas nossas
vidas e, durante o ano que passou, pudemos assistir a uma multidão de
oportunistas que, disfarçados de especialistas, tomaram de assalto os espaços
televisivos. Porém, a mediocridade da televisão portuguesa foi mais longe e
entregou os seus noticiários a estagiários que, em vez de informarem e
esclarecerem, apenas procuram saber o que não correu bem e arranjar responsáveis
para serem queimados na praça pública. Tem sido um ano televisivamente
lamentável.
Naturalmente que
nem tudo tem corrido bem, até porque tudo está a passar-se num quadro que não
se conhecia. No entanto, tem havido a humildade de reconhecer erros e tem
havido o generoso contributo de muitos profissionais que, por detrás desta
cortina que é a televisão e muitos dos seus patetas, trabalha dedicadamente nos
hospitais e nos serviços de apoio à rede hospitalar. Por isso, aqui fica a
minha gratidão e o meu aplauso à tenacidade e à dedicação com que a Ministra da
Saúde, a Directora Geral da Saúde e as suas equipas têm enfrentado não só a
pandemia, mas também o histerismo de comentadores, de estagiários de jornalismo
e das ordens profissionais, tão apostadas andam na promoção pessoal dos seus
bastonários.