A economia
portuguesa parece estar a crescer actualmente acima de 3%, que é o ritmo mais
elevado dos últimos 17 anos, mas apesar desta expansão do Produto Interno
Bruto, o peso da dívida pública no PIB que é o indicador mais utilizado para
apreciar essas variáveis, continua a aumentar.
A razão é simples: o
endividamento está a crescer mais do que o crescimento do produto, ou dito de
outra maneira, os portugueses tendem a consumir o que têm e o que não têm,
embora em termos de realidade macroeconómica não seja aexactamente assim,
porque o aumento do consumo gera emprego e bem-estar.
O Banco de Portugal, que
é a entidade responsável pelo apuramento destes valores, anunciou que em finais de Junho a dívida
pública portuguesa atingia 249 mil milhões de euros,
um máximo histórico em termos absolutos e que corresponde a um aumento de 4%
relativamente ao período homólogo do ano anterior. Assim, o rácio da dívida em
relação ao PIB estará nos 130,5%, embora seja de admitir que se venha a situar
nos 128,5%, segundo anuncia o FMI e o Banco de Portugal. O problema, portanto,
está uma vez mais no crédito que está a fazer com que os portugueses se
endividem e é caso para perguntar se são as famílias que pedem dinheiro
emprestado e os bancos emprestam, ou se são os bancos que aliciam as famílias
com créditos e as famílias não resistem. O facto é que esta euforia económica tem um lado incómodo.
O crédito à habitação já atingiu os
valores de antes da crise e o crédito ao consumo recuperou os valores de antes
da troika. Segundo apurou o Jornal de Notícias, em 2016 ”os
portugueses pediram à banca 17 milhões de euros por dia” e, nos primeiros cinco
meses de 2017, os novos empréstimos ao consumo já contabilizam um valor total
de 1650 milhões de euros. O governo e as autoridades monetárias certamente que
estão atentas a esta complexa geometria variável entre o bem-estar dos
portugueses, o consumo, o endividamento, a dívida global, o emprego e o
investimento. O passado recente, em que os portugueses recorriam ao crédito e consumiam para além do seu rendimento, ainda está na nossa memória. Há que ter cuidado!