terça-feira, 8 de julho de 2014

O escândalo, a imoralidade e o abuso

Há uma clássica definição para a palavra notícia que a descreve como “o relato de um acontecimento verdadeiro ou não”, mas também há um ditado popular que nos ensina que “não há fumo sem fogo”. Por isso, quando nos aparece uma manchete como a que o Correio da Manhã nos apresenta hoje, embora possamos interrogar-nos sobre a sua veracidade ou sobre o rigor da notícia, não podemos duvidar de que tenha algum fundamento. E ficamos perplexos e indignados.
Nos últimos anos assistimos a um escandaloso, imoral e arrogante comportamento da banca, tão useira e vezeira em práticas fraudulentas e absolutamente cega pela sua desmedida ganância. Os seus gestores têm sido um símbolo de uma enorme ambição, de um novo-riquismo que exibem com os seus automóveis topo de gama e da pressa com que querem enriquecer rapidamente, mas também um exemplo da promiscuidade com o sistema político, empregando muitos dos seus agentes e favorecendo os seus amigos, exactamente como os senhores faziam na cidade feudal. A tradicional função da banca de recolher poupanças dos depositantes e pô-las ao serviço da economia, foi substituída pela especulação e pela fraude. Os banqueiros passaram a “mandar” nos políticos e a ter toda a cobertura para as negociatas com o Estado, beneficiando da dívida, das PPP, dos swaps e de muito mais coisas que os cidadãos não sabem nem compreendem. A fraude do BPN, que nos está a levar milhares de milhões de euros e que ninguém parece querer cobrar a ninguém, é o exemplo mais badalado. Mas não é só o BPN. Afinal temos muitos BPN e muitos Oliveira e Costas. Ninguém é responsabilizado e parece que todos merecem um prémio. Isto é mesmo uma vergonha! Oliveira e Costa não tem património pessoal. Dias Loureiro goza connosco. Jardim Gonçalves não sabe o que fazer a tão choruda reforma. Agora temos o Salgado. Tem sido assim a impunidade e parece que assim vai continuar. O nosso sistema financeiro transformou-se numa fraude, numa imoralidade e num escândalo onde enterramos o nosso dinheiro em resgates e juros. Perante este quadro de pavor, porque se riem o Passos e o Portas a celebrar a saída limpa e o crescimento da economia?