Ontem a cidade de
Barcelona voltou a ser palco de uma grande manifestação em que participaram
cerca de 350.000 pessoas mobilizadas pelos Comités de Defesa
da República, os CDR, depois de uma semana em que a
calma parecia estar a regressar à cidade.
A contestação surgiu no passado dia 14 de Outubro, quando o Supremo Tribunal
espanhol condenou os principais dirigentes políticos catalães envolvidos na
tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até um máximo de 13
anos de prisão. Essa decisão gerou uma onda de protesto que se repetiu ao longo
de vários dias em Barcelona e em outras cidades da região autónoma que, muitas
vezes, tem derivado para a violência e para o vandalismo, protagonizado por
grupos radicais. Porém, embora o problema catalão se esteja a agudizar até porque
não há diálogo à vista entre as partes em conflito, este número de
manifestantes é bastante menor do que acontecera com outras manifestações.
Embora esse número
seja menor do que antes, isso não significa que haja desmobilização por parte
dos independentistas catalães. Num inquérito muito participado que o jornal
catalão La Vanguardia abriu aos seus leitores, foram-lhes feitas duas
perguntas:
1) Vês solução a
curto prazo para o conflito catalão (94,1% de respostas negativas)
2) Aprovas os
protestos contra a sentença do procés
(27,9% de aprovações).
Significa que os
catalães têm a noção de que as pretensões independentistas só poderão vir a ser
satisfeitas no longo prazo e, naturalmente, num quadro de negociação e de diálogo democrático,
mas também que é muito significativa a discordância relativamente à dura sentença proferida pelo
Supremo Tribunal.