Depois de uma longa
permanência no poder em Angola, o Presidente José Eduardo dos Santos marcou
eleições presidenciais para o próximo dia 23 de Agosto e, depois de ter
exercido o poder de forma autoritária durante quase 38 anos, decidiu não
concorrer a mais um mandato. Abre-se, assim, um novo capítulo na história de
Angola, até porque estão seis candidaturas no terreno, cujas propostas e
programas vão arejar a sociedade angolana, permitir alguma reflexão e contribuir
para que a vida angolana se torne mais democrática e mais transparente.
José Eduardo dos
Santos sucedeu a Agostinho Neto em 1979 e coube-lhe a missão de conduzir o MPLA
nas lutas internas pelo poder e de dirigir o governo de Angola na construção de
alianças estratégicas, na longa guerra civil e na luta pelo progresso do país. Foram
demasiadas lutas e muitos anos de poder absoluto. Para enfrentar esses desafios
rodeou-se de gente da sua confiança e criou uma élite a quem permitiu uma
indevida apropriação do rendimento nacional e comprovadas práticas de
corrupção, ao mesmo tempo que abusou do poder, o instrumentalizou em seu
benefício e reprimiu todas as oposições.
Porém, o
afastamento voluntário de José Eduardo dos Santos da cena política não vai significar o
fim do seu regime autoritário em que a vontade do chefe se sobrepõe à lei,
porque as raízes criadas e os interesses instalados tudo farão para se manterem
no futuro, até para se livrarem da responsabilização criminal e moral que não
deixará de surgir.
O Jornal
de Angola noticia hoje o início da campanha eleitoral, apresentando os
candidatos e os seus tempos de antena na rádio e na televisão. Tudo parece
normal. As seis candidaturas que vão a votos no dia 23 de Agosto são um sinal
de esperança num futuro melhor para Angola e para as relações com Portugal.