sexta-feira, 29 de março de 2024

Há ou não há um risco de guerra global?

Na última cimeira europeia o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez pediu para “rebajar el tono bélico” utilizado por alguns estados-membros, mas a resposta veio do primeiro-ministro polaco Donald Tusk numa entrevista hoje publicada pelo diário espanhol El País. Donald Tusk afirmou que “estamos en una época de preguerra”, acrescentando que “no exagero” e que “nuestro deber no es discutir, sino prepararnos para defendernos”, alertando que “el conflicto en Ucrania puede alargarse”.
Hoje, também a edição do jornal francês La Dépêche du Midi destaca em manchete o título “Economie de guerre: la France se prépare”, na sequência de uma afirmação do seu Ministro do Armamento em que não excluia o recurso de impor à industria francesa a satisfação prioritária das necessidades militares, porque “les stocks de l’armée française étaient adaptés au temps de paix et nous en avons donné une grande partie aux Ukrainieens”.
Há dias foi Lloyd Austin, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, que numa reunião com os seus homónimos de quase cinquenta países declarou que “no nos engañemos, Putin no se detendrá en Ucrania”, enquanto Scholz, Macron e Tusk decidiram reforçar o seu apoio militar à Ucrânia através da aquisição imediata de mais armamento, perante a ameaça de uma nova ofensiva russa.
Não há dúvida que Pedro Sánchez tem razão ao pedir para “rebajar el tono bélico”. Há um discurso de guerra que persiste e preocupa, como se a guerra fosse a solução para a conflitualidade entre países. Não é preciso recorrer às lições da História para saber que as guerras modernas não têm vencedores e que todos saem derrotados. Basta ver as imagens televisivas da morte, do sofrimento e da destruição para condenarmos o “tono bélico” que anda no ar.