O governo francês acaba de
tomar medidas para a transparência financeira dos responsáveis políticos, na
sequência do caso Cahuzac, o ministro que mentiu ao declarar que não tinha contas
bancárias no estrangeiro e que, dessa maneira, afectou a credibilidade do
governo e dos governantes franceses. Esta medida foi, segundo o Libération – o jornal criado em 1968
por Jean-Paul Sartre - o fim do tabu,
que até agora protegia a total opacidade do património dos governantes.
A moralização
da vida política passa, entre outras coisas, pela transparência, isto é, a
atitude de mostrar as pessoas e as instituições como elas são, sem ocultar os
traços da sua personalidade, o seu modo de vida ou o seu património. Por isso, um
dos aspectos essenciais da credibilidade dos agentes políticos e dos
governantes passa pela divulgação do seu património. É sabido
como os agentes políticos investidos em funções têm poder para determinar
aquisições, para fazer ajustes directos, para favorecer clientelas e para
distorcer concursos, podendo daí retirar benefícios de ordem diversa, designadamente
o recebimento de prendas ou de “luvas”, na linha de um comportamento ganancioso,
corrupto e de servilismo ao dinheiro. A transparência total ou parcial é um
princípio já prevalecente nos países europeus e a França era uma excepção. A
partir de agora é possível conhecer detalhadamente o património dos 38
ministros franceses, as suas casas, os seus carros, barcos ou aviões, as suas
acções e depósitos bancários. Por cá também é assim mas, aparentemente, a lei
não é cumprida.