A revista
francesa L’Express foi criada em 1953 e entre os seus fundadores estava
o famoso jornalista Jean-Jacques Servan-Schreiber que, pelo seu prestígio,
tornou aquela revista num sucesso da comunicação social francesa e europeia,
tendo inspirado muitos projectos jornalísticos em vários países que, por vezes,
até o seu nome copiaram. Ao longo da sua vida o L’Express passou por
diferentes proprietários, modelos de gestão e orientações editoriais situadas
no campo da esquerda democrática, mas a partir de 1980 a sua orientação tem-se
situado claramente à direita e, como se vê na última edição, assume características panfletárias.
A revista entrou pelos caminhos da História e escolheu como capa da sua última edição, uma
galeria dedicada a cinco tiranos encartados – Josef Stalin, Mao Tsé-Tung, Fidel
de Castro, Pol Pot e Nicolas Maduro – classificando-os como “dictateurs qui ont
tant fasciné la gauche”, com a curiosidade de incluir essa figura exótica e
caricata que é Nicolas Maduro. Não sei se estes indivíduos fascinaram a
esquerda, ou que sector das muitas esquerdas que existem, mas a História
regista que estes homens aterrorizaram muitos outros homens, que foram tiranos
e despóticos, que perseguiram, torturaram e mandaram matar muitos dos seus
adversários, sem qualquer observância dos princípios que vieram a ser
classificados como direitos humanos.
Porém, essa
galeria é enganadora sob o ponto de vista histórico. O bem e o mal existem
tanto à esquerda como à direita. Daí que nessa galeria poderiam ser incluídos
muitos outros tiranos e tiranetes da nossa História recente, como Adolfo
Hitler, Benito Mussolini, Francisco Franco, Augusto Pinochet e Benjamin
Netanyahu que, como sabemos, também fascinam muita gente.
A História é como
uma moeda e tem sempre duas faces. Não há meias Histórias como aquela que o L'Express nos quer contar.