sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Bob Dylan e os novos tempos da cultura

A Academia Sueca anunciou ontem a atribuição do Prémio Nobel da Literatura de 2016 e, para surpresa de toda a gente, mesmo para os mais entendidos em questões literárias, decidiu distinguir Bob Dylan, um “não-escritor” que é o ícone da música popular americana, por ter sabido criar “novas formas de expressão poética”. Sou daqueles que, depois de José Saramago (1998) e de Mário Vargas Llosa (2010), nunca ouvira falar nem lera nenhum dos mais recentes escritores distinguidos com o Prémio Nobel da Literatura. Porém, Bob Dylan era meu conhecido há muitos anos.
Bob Dylan tem 75 anos de idade, nasceu no Minnesota e dedicou-se à música desde a adolescência como compositor e cantor, adquirindo notoriedade mundial, sobretudo através da sua militância pela paz, contra o racismo e contra a guerra do Vietname. Depois encontrou outras temas e foi reinventando a sua música, embora sempre dentro daquilo a que se tem chamado a folk music. Uma famosa revista americana elegeu-o como o sétimo maior cantor de todos os tempos e o segundo melhor artista de música de sempre, logo a seguir aos lendários The Beatles, a banda inglesa sua contemporânea que nasceu em Liverpool. Uma das canções de Bob Dylan intitulada Like a Rolling Stone que foi apresentada em 1965, foi mesmo escolhida por aquela revista como uma das melhores de todos os tempos.
Bob Dylan apresentou seis concertos em Portugal: em 1993 no Coliseu do Porto e no Pavilhão de Cascais, em 1999 no Pavilhão Atlântico e de novo no Coliseu do Porto, em 2004 em Vilar de Mouros e em 2008 no festival Nos Alive, em Algés. Há uma quase unanimidade em torno do mérito da obra poética de Bob Dylan e, por isso, a imprensa mundial destacou a atribuição do prémio como um sinal de mudança e de aceitação de novos tempos, inclusive na cultura. O jornal francês Libération foi apenas um dos muitos jornais de todo o mundo que hoje se renderam a Bob Dylan e à decisão da Academia Sueca.