quarta-feira, 21 de maio de 2025

Gaza e o tardio acordar da velha Europa

Depois de muitas semanas em que o mundo ignorou a brutalidade e a desproporcionada violência com que as forças de Benjamin Netanyahu atacaram o povo palestiniano na Faixa de Gaza a coberto da sua luta contra o Hamas e a sua legítima tentativa de libertação de reféns, parece que os líderes europeus finalmente acordaram para a gravíssima situação humanitária que está criada. Provavelmente, tarde demais.
A situação é muito antiga e muito complexa, mas foi definida em 1947 no quadro das Nações Unidas, quando na sua Resolução 181 determinava a partilha das terras entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, prevendo a criação de um estado judeu e de um estado átabe – Israel e Palestina – mas desde então os confrontos são permanentes, com Israel a ocupar largas parcelas do território palestiniano. No dia 22 de outubro de 2023 a situação agudizou-se com a brutal acção do Hamas, mas logo os Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido e Itália lançaram uma declaração conjunta, apoiando o direito de Israel se defender. Israel defendeu-se e contra-atacou de maneira desproporcionada e brutal, perante a cumplicidade dos países ocidentais que lhe fornecem armas e lhe dão apoio político. O regime extremista de Benjamin Netanyahu tem prosseguido uma acção de verdadeiro extermínio da população palestiniana na Faixa de Gaza, não só pelas bombas, mas também pela fome.
Nas últimas horas, conforme relata o diário catalão La Vanguardia e outros jornais europeus, surgiram vozes a condenar abertamente Benjamin Netanyahu, sobre quem o TPI já emitiu três mandatos de captura por crimes de guerra, incluindo a fome “como método de guerra”.
A indiferença ou o apoio, disfarçado ou não, perante a violência israelita, é uma das mais tristes marcas da decadência com que os líderes europeus estão a conduzir o velho continente.