A edição
sevilhana do jornal ABC destaca hoje
na sua primeira página a representação da ópera Aida, de Giuseppe Verdi, informando
que será apresentada nos dias 25, 28 e 31 de Outubro e 3, 6 e 9 de Novembro no
Teatro de la Maestranza de Sevilha. A famosa ópera é uma das mais representadas
e mais espectaculares de entre todas as que se conhecem, tendo sido estreada no
Cairo em 1871 mas, ao contrário do que por vezes se pensa, não foi encomendada
para a inauguração do canal do Suez, que aconteceu em 1869.
Não é vulgar que
os temas culturais ocupem as primeiras páginas dos jornais e, por isso, a escolha
da edição sevilhana do jornal ABC
merece ser destacada, sobretudo porque é uma forma de atenuar a profunda depressão
que atravessa a Andaluzia e as suas cidades. De resto, a mesma edição, salienta
que “o desemprego baixa em Espanha, mas sobe na Andaluzia”.
Na realidade, a Andaluzia
tem uma taxa de desemprego da ordem dos 36% da população activa e algumas das
suas cidades estão “na vanguarda do desastre”, como há tempos se lhes referiu a
revista Time, enquanto no ano passado
também a revista Visão apresentou uma
reportagem sobre “a vida na capital do desemprego na Europa”. Perante este
quadro de crise económica, de desemprego e de desagregação social, a apresentação
da ópera Aida na abertura da temporada lírica em Sevilha, é um exemplo
de como a cultura pode ajudar a superar a depressão, ou de como os andaluzes
podem animar-se, ao assistirem à representação das paixões entre Radamés, um triunfante
general egípcio, e Aida, uma escrava etíope que servia na corte dos faraós.