Um relatório das Nações Unidas divulgado
há dois dias revelou o que já se suspeitava, isto é, o território de Gaza está
numa situação de inanição generalizada, miséria e morte, com mais de meio
milhão de pessoas a passar fome. Tudo isto era sabido desde há muito tempo,
sobretudo através das imagens televisivas que nos chegam daquele martirizado
território mas, a partir de agora, as Nações Unidas declararam oficialmente a
fome em Gaza devido às obstruções à ajuda humanitária que, de acordo como o
Direito Internacional Humanitário, o governo israelita tem a obrigação de
permitir.
O jornal inglês The Independent destacou esta
notícia, mas a generalidade da imprensa ignorou-a, o que mostra claramente quem
domina e manipula a informação na Europa.Para além de ter morto brutalmente mais
de 60 mil palestinianos dos quais 83% eram civis, de ter destruído o tecido
urbano de Gaza e de estar a intensificar a sua vingança sobre os palestinianos,
a criminosa situação de fome criada pelo governo de Netanyahu foi objecto de
uma entrevista da SIC ao embaixador
de Israel em Lisboa, que disse que “não há fome, nunca houve fome e ninguém
morreu de fome em Gaza. Podemos ver crianças magras, mas é porque são doentes
graves". Como é possível que um animal destes fale assim! É intolerável
que um embaixador diga isto, que até envergonha todos os israelitas.Porém, ainda há espaço para
vozes independentes e na sua última edição, o semanário Expresso publicou uma entrevista com Ehud Olmert, que foi
primeiro-ministro de Israel entre 2006 e 2009 e que deve ser lida por quem
ainda tem dúvidas sobre o que se passa em Gaza. Com o título “Basta. Já matámos o suficiente, já
destruímos o suficiente”, o entrevistado diz:
“Trata-se de uma guerra ilegítima,
conduzida por interesses políticos pessoais do primeiro-ministro. Como consequência,
morrem soldados israelitas, mais reféns podem perder a vida e muitos palestinianos
inocentes são mortos. Isto é um crime, é algo imperdoável”.
Perante isto, os europeus nada dizem
sobre o que faz Netanyahu e, por cá, bem gostaríamos de ouvir o que Marcelo Rebelo
de Sousa e Luís Montenegro têm para dizer.