quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Os temporais que não nos dão tréguas

O mau tempo continua a assolar a costa ocidental da Europa e a afectar a vida das pessoas e das suas actividades. Num tempo em que cada vez mais se fala das alterações climáticas como a maior ameaça ambiental da actualidade, as televisões e os jornais têm dado o devido relevo a este fenómeno e mostram as imagens de nevões, inundações, quedas de árvores, desabamentos de terras e destruição de infraestruturas, mas também de muitos dramas humanos que lhes estão associados.
Porém, nos países situados na orla marítima atlântica, nos últimos dias tem sido retratada a violência da agitação marítima, com ondas superiores a 10 metros e com ventos a atingirem velocidades superiores a 130 km por hora, sobretudo nas costas atlânticas francesa e espanhola. Muitas barras têm sido encerradas e a actividade da pesca paralizou. Há destruição um pouco por toda a parte, desde o sudoeste da Inglaterra até à Costa da Caparica. Nesse contexto meteorológico, quando ontem entrava a barra do porto francês de Bayonne, o cargueiro espanhol Ludo não resistiu ao temporal e naufragou, obrigando ao resgate dos seus 12 tripulantes por helicóptero. Vários jornais franceses, como o Aujourd’hui en France, mas também diversos jornais espanhóis, ilustraram as suas edições com fotografias do naufrágio do Ludo, mas também salientaram a persistência dos temporais que não nos dão tréguas como possível consequência das alterações climáticas e como uma ameaça ambiental muito séria. A juntar ao que já se passou, a previsão meteorológica indica algum agravamento para os próximos dias.

A Rússia e o triunfo de Vladimir Putin

Realiza-se amanhã a cerimónia de abertura oficial dos Jogos da XXII Olímpíada de Inverno, que terão como sede principal a cidade de Sochi, na costa russa do mar Negro e nos quais o nosso país vai estar representado por dois atletas que não falam português: Camille Dias e Arthur Hanse. Depois de ter recebido os Jogos Olímpicos de Moscovo em 1980, a Rússia receberá pela segunda vez as Olimpíadas e, como sempre acontece nos países que acolhem estes grandes eventos internacionais, também a Rússia está a viver momentos de grande euforia.
Na sua última edição, a revista The Economist procurou analisar a actual situação russa e salienta que “os sucessos no exterior e os Jogos Olímpicos de Inverno parecem mostrar uma Rússia forte mas, no que é essencial, é fraca”. O Presidente Vladimir Putin tem governado a Rússia desde a resignação de Boris Iéltsin, como primeiro-ministro (1999-2000), como presidente (2000-2008) e, desde então, como primeiro-ministro. A escolha de Sochi foi uma vitória de Putin e o investimento de 50 mil milhões de dólares representa a sua vontade  em afirmar a Rússia e fazê-la respeitar na cena internacional. Na realidade ele está a viver um momento alto pois a sua aposta nos Jogos Olímpicos correu bem,  mas também porque tem feito valer as suas posições sobre a Síria e tem recebido a preferência do presidente ucraniano Viktor Yanukovych.
Porém, segundo The Economist, se Putin é um triunfador, a Rússia é “a patinadora com pés de barro”, pois a sua economia continua muito centralizada e muito dependente da exportação de petróleo e gás.  A corrupção é endémica e a sua indústria não é competitiva, com altos custos salariais e baixa produtividade. O investimento é muito baixo e o capital e os jovens quadros continuam a deixar o país. A revista conclui a sua análise  salientando que “a União Soviética não caiu só porque o povo rejeitou a sua ideologia, mas porque a sua economia desmoronou” e acrescenta que, “a menos que Putin proceda a reformas económicas, o seu regime vai seguir o mesmo caminho”.