Os jornais espanhóis destacam hoje com
enorme apreensão que, no final do primeiro trimestre de 2013, o desemprego
atingiu 27,16% e, pela primeira vez, ultrapassou os seis milhões de
desempregados, com a Andaluzia e a Extremadura a atingirem 36,8 e 35,5% de
desempregados, respectivamente. A notícia caiu como uma bomba numa sociedade em
crise política, económica e social. Com base nessa notícia, o jornal
i associou as realidades espanhola e portuguesa, tendo-se inspirado em “A
Jangada de Pedra”, um romance de José Saramago que conta a história ficcional
da separação geográfica da Península Ibérica do continente europeu, ficando os dois
países ibéricos a navegar à deriva no oceano, sem se identificarem cultural,
social ou economicamente com o espaço europeu. E o jornal i titula:
Jangada de Pedra afunda-se.
Portugal e Espanha com mais de 7 milhões de desempregados.
Jangada de Pedra afunda-se.
Portugal e Espanha com mais de 7 milhões de desempregados.
Na
realidade a catástrofe social está a atingir fortemente a Península Ibérica,
com Portugal e Espanha a baterem sucessivamente recordes no desemprego e sendo
cada vez mais consensual que estão a ser vítimas das políticas de austeridade
impostas pelos seus credores internacionais. No conjunto, há 7 125 900 pessoas sem trabalho, mas a realidade é bem mais negra nos dois países se forem
contabilizados os que já deixaram de procurar emprego e ficaram de fora das
estatísticas oficiais. Este panorama não se vai alterar a curto prazo, pois as
previsões das duas economias para 2013 são perfeitamente desastrosas: em Portugal
o PIB deve cair 2,3%, enquanto em Espanha as últimas previsões apontam para uma
queda do PIB de 1,3%, para além de haver dificuldades adicionais devidas à
recessão europeia. Com este cenário tão negro, os governantes ibéricos têm que
reagir rapidamente em Bruxelas e Frankfurt para travar esta catástrofe social e fazer respeitar a
dignidade dos seus povos, colocando a criação de emprego acima de quaisquer outros objectivos. A "jangada ibérica" está realmente em perigo de se afundar.