sexta-feira, 26 de abril de 2013

A "jangada ibérica" está em perigo



Os jornais espanhóis destacam hoje com enorme apreensão que, no final do primeiro trimestre de 2013, o desemprego atingiu 27,16% e, pela primeira vez, ultrapassou os seis milhões de desempregados, com a Andaluzia e a Extremadura a atingirem 36,8 e 35,5% de desempregados, respectivamente. A notícia caiu como uma bomba numa sociedade em crise política, económica e social. Com base nessa notícia, o jornal i associou as realidades espanhola e portuguesa, tendo-se inspirado em “A Jangada de Pedra”, um romance de José Saramago que conta a história ficcional da separação geográfica da Península Ibérica do continente europeu, ficando os dois países ibéricos a navegar à deriva no oceano, sem se identificarem cultural, social ou economicamente com o espaço europeu. E o jornal i titula:  
  Jangada de Pedra afunda-se.  
  Portugal e Espanha com mais de 7 milhões de desempregados.  
Na realidade a catástrofe social está a atingir fortemente a Península Ibérica, com Portugal e Espanha a baterem sucessivamente recordes no desemprego e sendo cada vez mais consensual que estão a ser vítimas das políticas de austeridade impostas pelos seus credores internacionais. No conjunto, há 7 125 900 pessoas sem trabalho, mas a realidade é bem mais negra nos dois países se forem contabilizados os que já deixaram de procurar emprego e ficaram de fora das estatísticas oficiais. Este panorama não se vai alterar a curto prazo, pois as previsões das duas economias para 2013 são perfeitamente desastrosas: em Portugal o PIB deve cair 2,3%, enquanto em Espanha as últimas previsões apontam para uma queda do PIB de 1,3%, para além de haver dificuldades adicionais devidas à recessão europeia. Com este cenário tão negro, os governantes ibéricos têm que reagir rapidamente em Bruxelas e Frankfurt para travar esta catástrofe social e fazer respeitar a dignidade dos seus povos, colocando a criação de emprego acima de quaisquer outros objectivos. A "jangada ibérica" está realmente em perigo de se afundar.

Joana Vasconcelos: de Paris para Lisboa



Depois de no ano  passado ter mostrado as suas principais obras no Palácio de Versalhes, em Paris, numa exposição que recebeu 1,6 milhões de visitantes, a artista plástica Joana Vasconcelos apresenta-se agora em Lisboa no Palácio Nacional da Ajuda. Inaugurada no dia 23 de Março, ao fim do seu primeiro mês a exposição já foi visitada por 43 mil pessoas, quase tantas como as 50 mil que visitaram o palácio no ano passado. A exposição apresenta 38 obras criadas na última década e a par das peças inspiradas no bestiário de Rafael Bordalo Pinheiro revestidas de crochet açoriano, estão também patentes algumas das obras mais recentes, nunca antes exibidas em Portugal, mas também algumas das mais emblemáticas obras do percurso criativo da artista, como o par de sapatos gigantes femininos Marylin criados a partir de tampas e panelas portuguesas, o Coração Independente Vermelho criado com talheres de plástico ou o Lilicoptère, um velho helicóptero "Bell 47" decorado exuberantemente como se estivesse para ser utilizado pela rainha Maria Antonieta. 
A exposição de Joana Vasconcelos é também uma oportunidade para visitar o Palácio Nacional da Ajuda, que foi a residência oficial da monarquia portuguesa até à proclamação da República e que está aberto ao público desde 1968. A exposição ficará patente até 25 de Agosto e há expectativas de que o número de visitantes venha a superar os 167 mil que, em dois meses e meio, visitaram a anterior exposição de Joana Vasconcelos apresentada em 2010 no Museu Colecção Berardo, em Lisboa. É um acontecimento a não perder!

Comunicação e publicidade nos negócios



Foi ontem anunciado que a companhia aérea Etihad Airways, dos Emirados Árabes Unidos, adquiriu 24% da Jet Airways, a maior companhia privada de aviação indiana, num negócio avaliado em 379 milhões de dólares. A Jet Airways é uma companhia fundada em 1993 por Naresh Goyal, que desde então se tornou num dos homens mais ricos da Índia, tem sede em Bombaim, dispõe de 122 aviões ao serviço e tem 40 aviões encomendados, dos quais 38 à construtora americana Boeing. Internamente voa para 42 destinos e, internacionalmente, para 21. Com esta transacção a Etihad Airways quer ter uma presença no mercado interno indiano que se espera tenha uma taxa de crescimento de 10% nos próximos anos e assegurar, também, uma parte do tráfego internacional do segundo país mais populoso do mundo. Por outro lado, a estratégia da Etihad de adquirir participações e fazer alianças, pretende reforçar os seus factores de competitividade perante os seus rivais – Qatar Airways e Emirates. Da parte da Jet Airways esta operação representa a entrada de capital e de know-how no domínio do negócio do transporte aéreo. 
O que é curioso neste negócio e que não é habitual na Europa, é a sua publicitação na imprensa indiana através de anúncios a ocupar toda a primeira página dos principais jornais, como por exemplo na edição de hoje do The Times of India, a mostrar que a parte financeira não é tudo, mas que a comunicação e a publicidade também são uma componente importante nos negócios, porque transmitem informação ao público e revelam alguma transparência.