Os bancos
portugueses obtiveram no ano de 2023 os maiores lucros da sua história e, há
alguns dias atrás, a imprensa registava que esses lucros atingiram quase 12
milhões de euros diários. O contributo da banca pública para esses
resultados foi significativo, pois a Caixa Geral de Depósitos (CGD) apresentou
um lucro líquido de 1.291 milhões de euros, correspondentes a cerca de 3,5
milhões de euros diários, o que tem sido assinalado como um enorme sucesso e
como um marco histórico, pois vai permitir que, para além dos impostos legais,
o Estado ainda venha a arrecadar 525 milhões de euros de dividendos.
Estes lucros que
muito boa gente considera escandalosos, foram impulsionados pela principal
fonte de receitas que é a margem financeira, isto é, a diferença entre os juros
cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos, a que se junta a abusiva e
injusta cobrança de vários serviços, como por exemplo a manutenção de contas
bancárias. Chama-se a isto esmifrar ou extorquir a clientela.
Acontece que a
gestão da CGD alinha numa lógica de competição com os outros bancos comerciais
e, muitas vezes, ignora a sua função social, actuando no mercado segundo a
mesma lógica mercantil e de maximização de resultados. Segundo refere a edição
de hoje do jornal i que dedicou aos “ricos bancos”, a CGD procurou
modernizar-se e reestruturar-se através das novas tecnologias e da redução de
balcões e de trabalhadores. Assim, segundo o jornal, entre os anos de 2010 e
2023, a CGD passou de 9672 para 6423 trabalhadores (menos 35%) e de 869 para
515 agências (menos 40%).
Estes números
falam por si e mostram como a CGD tem adoptado uma gestão contrária ao
interesse nacional em vários aspectos, designadamente com o encerramento de balcões em zonas
remotas, o que viola a sua obrigação de prestar um serviço social às
populações, sobretudo as mais envelhecidas.