Como anuncia a
edição do jornal Vanguardia Liberal da cidade colombiana de Bucaramanga, hoje é
um dia chave para a ajuda humanitária à Venezuela, mas também é o dia em que
podem ocorrer confrontos de gravidade, até porque é evidente que há muita gente
infiltrada e interessada em que algo aconteça hoje para que isso sirva de
bandeira de mobilização contra Maduro e de ânimo para Guaidó.
A ajuda humanitária
surge cada vez mais, não como uma necessidade mas como um pretexto ou como um “cavalo
de Tróia” destinado a criar novos argumentos que justifiquem uma intervenção
estrangeira, eventualmente armada. A América de Trump está a ver o tempo a
passar e procura desesperadamente criar novos argumentos no terreno, quando
deveria utilizar a via diplomática para encontrar soluções justas e
equilibradas, até porque o aparelho militar e judicial venezuelano não dá
mostras de ceder a esta ofensiva das forças da oposição, que está a ser
coordenada pelos serviços secretos americanos.
Não há notícias
de que o governo bolivariano de Nicolás Maduro tenha encetado negociações com
quaisquer mediadores para ultrapassar a situação política por que passa o país,
nem que os oposicionistas tenham recuado nas suas reivindicações. Aparentemente,
a crise agudiza-se e a ajuda humanitária, tal como os concertos dos dois lados
da fronteira com a Colômbia, não passam de faits
divers. As imagens que nos chegam da Venezuela pouco esclarecem pois mostram
que os oposicionistas são gente bem vestida, que vai a concertos e que não
precisa de ajuda humanitária. Os que precisam, provavelmente os descamisados
venezuelanos, estarão ao lado de Maduro.
Hoje, a oposição
e o chavismo defrontam-se uma vez mais. É preciso cuidado. Quando os lobos se
sentem cercados tornam-se mais violentos e mais perigosos.