sábado, 23 de fevereiro de 2019

Hoje será um dia chave para a Venezuela?

Como anuncia a edição do jornal Vanguardia Liberal da cidade colombiana de Bucaramanga, hoje é um dia chave para a ajuda humanitária à Venezuela, mas também é o dia em que podem ocorrer confrontos de gravidade, até porque é evidente que há muita gente infiltrada e interessada em que algo aconteça hoje para que isso sirva de bandeira de mobilização contra Maduro e de ânimo para Guaidó.
A ajuda humanitária surge cada vez mais, não como uma necessidade mas como um pretexto ou como um “cavalo de Tróia” destinado a criar novos argumentos que justifiquem uma intervenção estrangeira, eventualmente armada. A América de Trump está a ver o tempo a passar e procura desesperadamente criar novos argumentos no terreno, quando deveria utilizar a via diplomática para encontrar soluções justas e equilibradas, até porque o aparelho militar e judicial venezuelano não dá mostras de ceder a esta ofensiva das forças da oposição, que está a ser coordenada pelos serviços secretos americanos.  
Não há notícias de que o governo bolivariano de Nicolás Maduro tenha encetado negociações com quaisquer mediadores para ultrapassar a situação política por que passa o país, nem que os oposicionistas tenham recuado nas suas reivindicações. Aparentemente, a crise agudiza-se e a ajuda humanitária, tal como os concertos dos dois lados da fronteira com a Colômbia, não passam de faits divers. As imagens que nos chegam da Venezuela pouco esclarecem pois mostram que os oposicionistas são gente bem vestida, que vai a concertos e que não precisa de ajuda humanitária. Os que precisam, provavelmente os descamisados venezuelanos, estarão ao lado de Maduro.
Hoje, a oposição e o chavismo defrontam-se uma vez mais. É preciso cuidado. Quando os lobos se sentem cercados tornam-se mais violentos e mais perigosos.