Ontem, num jogo
das meias-finais do Campeonato do Mundo de Futebol que se disputou em Belo
Horizonte, a selecção brasileira perdeu com a selecção alemã por 7-1. Nunca uma
coisa dessas tinha acontecido e as imagens que nos chegaram pela televisão
foram demasiado expressivas da tristeza que se apoderou de um Brasil que
chorava copiosamente, como se uma derrota num jogo de futebol tivesse a
gravidade de uma explosão nuclear, a dimensão de um terrível tsunami ou de uma outra qualquer calamidade.
Os jornais
brasileiros e outros jornais sul-americanos escolheram as palavras humilhação, vergonha e vexame para definir o que aconteceu, mas também foram eles que ajudaram a criar na
população brasileira a ideia de um super-brasil futebolístico e da sua
invencibilidade a toda a prova.
Porém, o futebol
é apenas um maravilhoso espectáculo que apaixona as multidões e um jogo com 22
jogadores que dura 90 minutos. Não é mais do que isso. Não pode ser mais do que isso. Não há dramatismo quando
há uma derrota, nem deve haver demasiada euforia quando há uma vitória.
Veja-se o que
aconteceu logo na primeira fase do Campeonato do Mundo, com a eliminação das
equipas de Portugal, Espanha, Inglaterra, Itália, Rússia e Uruguai. Veja-se o que
aconteceu depois com a eliminação das equipas dos Estados Unidos, do México, do
Chile, da Colômbia, da Grécia, da Bélgica, da Suiça e da França. O planeta Terra continuou calmamente
no seu movimento de rotação, o Sol nasceu todos os dias e os cidadãos daqueles países já esqueceram aqueles
“desastres” futebolísticos. Não houve humilhação, nem vergonha, nem tão pouco
"um vexame para a eternidade", como titula a edição de hoje do Correio
Braziliense.
Quando há três
semanas a equipa alemã goleou a equipa portuguesa por 4-0, também do lado de cá do Atlântico sofremos
muito, mas reagimos depressa. Agora no Brasil, também é preciso reagir, mais com a razão e menos com a emoção. O Brasil é bem maior do que aqueles dolorosos sete golos alemães. Há mais
vida para além do futebol!