domingo, 3 de agosto de 2025

O Donald já meteu esta Europa no bolso

Desde há muitos meses que temos escrito nesta janela que a Europa, a “velha Europa” que tem sido o símbolo da civilização actual e que foi inspiradora do progresso humano que circula pelo mundo, atravessa uma crise profunda por não ter líderes à altura das circunstâncias e tão só umas figuras menores, deambulando vaidades por cimeiras que as televisões promovem. Provavelmente, alguns deles nem leram o Tratado de Roma, até porque ainda não eram nascidos. As Ursulas e os Macrons, os Boris Johnson e os Mark Rutte são produtos de marketing, sem sabedoria nem substância, que parecem obedecer a um poder que vem do outro lado do Atlântico e que tremem perante um qualquer fanfarrão que os receba na sala oval da Casa Branca, com pose intimidatória e agressiva.
Na sua edição de hoje, a propósito da génese de uma nova ordem mundial, o jornal El País escolheu como principal o título “Trump desnuda a Europa”. De facto, é incrível e desoladora a forma como Donald Trump humilha toda a gente e, especialmente, a debilitada Europa, à qual retirou qualquer influência nos conflitos da Ucrânia e de Gaza e à qual até exige a compra de equipamento militar, “dificilmente compatível com o seu estado de bem-estar social”. Com 27 soberanias na União Europeia e com 27 projectos políticos de variadas tonalidades, os eleitores europeus não vão aceitar facilmente aquilo que os seus líderes se propõem fazer para satisfazer a vontade do Donald em que, de forma ostensiva para com todo o mundo, procura fazer a “America Grande outra vez”.
Há realmente um problema sério na Europa e são poucos os que reagem, pois a maioria parece aceitar a situação com subserviência, como se ela não existisse e opta por “esconder a cabeça na areia”.