A edição de hoje
do jornal Público destaca na sua primeira página uma imagem dos Painéis
de São Vicente, com a notícia que estão a ser restaurados “para nos devolver o
original”. É uma grande notícia a relatar um grande acontecimento, o que aqui
se salienta porque, por vezes, acontecem grandes manchetes com relatos ou
notícias de não-acontecimentos.
Portanto, o jornal está de parabéns por dedicar
a sua manchete e uma parte do seu espaço ao restauro de uma peça notável do
nosso património móvel, o que não é vulgar na imprensa portuguesa
Trata-se de um
políptico composto por seis painéis, que se julga ter sido executado circa 1470
por Nuno Gonçalves e que foi casualmente descoberto em 1882 no Paço Patriarcal
de São Vicente de Fora, encontrando-se actualmente no Museu Nacional de Arte
Antiga, em Lisboa. Com mais de quinhentos anos de idade e com evidente
necessidade de restauro, tornou-se necessário fazer um diagnóstico correcto e
ouvir especialistas nacionais e estrangeiros, para se avaliar o que deve ser
feito, isto é, saber até onde devem ir os técnicos de restauro na sua busca da
pintura original e na correcção dos eventuais repintes feitos em anteriores
intervenções de restauro. Hoje o restauro utiliza conhecimentos científicos e
recorre a múltiplas técnicas que asseguram uma superior qualidade do restauro,
o que permite esperar que a operação decorra com o desejado sucesso.
O projecto
iniciou-se no dia 18 de Maio e prevê-se que tenha uma duração de dois anos, devendo
assegurar a preservação de uma das maiores obras da pintura portuguesa e
restitui-la ao seu aspecto original.