No dia 27 de
Junho de 2017 foi detectado um furto de material de guerra do Exército
Português que se encontrava nos paióis nacionais de Tancos, o que revelou graves
falhas de segurança e de fiscalização nesta unidade militar.
As investigações
foram iniciadas debaixo de muitas críticas à instituição militar e, em especial
ao Exército, mas o assunto transformou-se num escândalo nacional quando o
material de guerra apareceu num descampado e se descobriu que a Polícia
Judiciária Militar tinha encenado a sua recuperação acidental com os
assaltantes dos paióis. O Ministério Público tomou então conta do processo e,
como tantas vezes faz, passou a produzir informação seleccionada para o
exterior através da comunicação social, antecipando julgamentos e condenações
na praça pública. Como havia um ministro eventualmente envolvido no caso, o
Ministério Público tratou, uma vez mais, de mostrar o seu poder e a sua
importância nacional ao passar para a opinião pública a ideia da culpabilidade
do ministro e a quase absolvição dos assaltantes. A instrução do processo foi muito
demorada e, naturalmente, custou muito dinheiro aos contribuintes portugueses.
Quando, recentemente, interrogaram o primeiro-ministro e antigo ministro da Justiça sobre este
assunto, este referiu-se com ironia ao caso dizendo que até parece que “o crime
verdadeiramente grave não foi o roubo das armas, o crime verdadeiramente grave
foi recuperar as armas”. Parece que os magistrados não gostaram desta declaração, segundo revela hoje o jornal i. É lá com eles.
Eu gostei do que disse o nosso primeiro-ministro, até porque já me tinha parecido que o problema para o Ministério Público era o ministro e não os assaltantes, o que mais uma vez me faz ter dificuldade
em suportar este tipo de justiceiros e desconfiar da justiça que querem fazer.