O nosso primeiro afirmou em campanha eleitoral que fez as contas e que estava em condições de garantir que não seria preciso cortar salários nem fazer despedimentos para consolidar as nossas finanças públicas. Era a voz da arrogância. Disse, então, que tudo foi vasculhado para haver contas bem feitas e que a sua gente procurou estimar, preferindo fazê-lo mais por excesso do que por defeito. Anunciou que iria mais longe do que a troika. Era a teoria do corte das gorduras que o amigo catroga todos os dias anunciava por megafone televisivo e que uma legião de relvas, moedas, borges e nogueiras aplaudia. Porém, os homens da bandeirinha na lapela não tinham estudado a lição, não conheciam o país, deslumbraram-se com o poder e nem perceberam que as coisas eram bem mais complexas do que pensavam. Depressa esqueceram programas e promessas e passaram a fazer o contrário do que anunciaram e prometeram. Os resultados são desastrosos. Afundaram a nossa economia. Levaram o desemprego para níveis insuportáveis. Aumentaram a dívida pública. Não reduziram o défice. Aumentaram impostos. Cortaram salários e pensões. Empobreceram o país. Estimularam a emigração. Roubaram-nos a confiança. Humilham-nos todos os dias.
Agora, cegos e surdos, insistem na mesma receita, querem ainda mais austeridade e preparam-se para cortar nas despesas sociais e nas funções de soberania. E querem mais cortes nas pensões de quem descontou toda a vida e confiou no sistema. São uns fundamentalistas obcecados e nem sequer obedecem aos seus colegas da troika porque, em boa verdade, eles são a troika. Estão a levar-nos para um desastre e a destruir a identidade e o orgulho nacionais. Que mais nos irá acontecer?