quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A arte que toda a gente deve ver

A revista Expresso Actual publicou uma lista das “50 obras de arte que toda a gente deve ver”, num artigo assinado por três críticos de arte especializados, no qual assumem que a escolha dessas 50 obras é um exercício de divulgação subjectivo e, de facto, é uma escolha muito subjectiva.
Porém, a subjectividade de quem sabe é sempre uma boa indicação, embora para ver essa meia centena de obras consideradas fundamentais, fosse necessário ir ao seu encontro em Espanha, França, Itália, Suíça, Bélgica, Holanda, Alemanha, Reino Unido Noruega, Estados Unidos, Canadá, Austrália e, também, Portugal. Para os referidos críticos, parece não haver obras fundamentais na Grécia, na Rússia, na Áustria, no Egipto e em tantos outros países, o que torna aquela lista menos credível.
No entanto, o mesmo artigo também apresenta as “50 obras de obras de arte em Portugal”, as quais podem ser vistas em Lisboa (35), Porto (7), Elvas (2) e Alcobaça, Cascais, Coimbra, Funchal, Lagos e Viseu (1). Naturalmente, a escolha nacional daqueles críticos também é subjectiva, mas a proximidade geográfica já nos permite conhecer as nossas obras fundamentais e, eventualmente, fazer a nossa própria lista.
Comecemos então por Lisboa e revisitemos o Museu Nacional de Arte Antiga, o Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian e o Museu Colecção Berardo.

Grândola vila morena

A inspirada canção Grândola vila morena“, composta e cantada por José Afonso, foi conhecida através do álbum “Cantigas do Maio”, editado em 1971, e foi cantada pela primeira vez num concerto realizado em Santiago de Compostela, em Maio de 1972. Em 1974 a canção foi escolhida pelo Movimento das Forças Armadas como sinal para confirmar as operações militares do 25 de Abril e transformou-se num símbolo popular da revolução e da democracia, mas também num hino à liberdade, à fraternidade e à solidariedade. Há uma quase unanimidade em torno do significado da canção, da sua letra e da sua música, que se tornaram num quase símbolo nacional. Canta-se a Grândola vila morena“ em momentos relevantes, quando as pessoas se emocionam, quando protestam, quando lutam e quando reagem à injustiça, à arrogância, à prepotência ou à tirania. Pois no dia 15 de Fevereiro cantou-se a Grândola vila morena“ na Assembleia da República, no dia 18 cantou-se em Vila Nova de Gaia e hoje cantou-se nas instalações do ISCTE, em Lisboa. São reacções emocionadas que reflectem a incerteza e a falta de esperança que paira sobre a população, mas também são sinais muito preocupantes de uma situação social que se agrava todos os dias e que ameaça tornar-se numa catástrofe, para a qual nos está a conduzir a teimosia, a insensibilidade e a cegueira política dos jovens que nos governam. Por isso, iremos certamente continuar a ouvir cantar a “Grândola vila morena“, porque “o povo é quem mais ordena”. Estavam à espera de quê?