sábado, 3 de maio de 2014

Mentiras e trapalhadas da nossa troika

A lusa troika
Há duas semanas, perante a aproximação do final do programa de assistência económica e financeira (PAEF), a generalidade dos nossos.governantes "passou-se" e garantiu que os impostos não seriam aumentados e, alguns deles, até admitiram que o IRS pudesse baixar. Essa garantia foi assegurada pelos componentes da lusa troika, isto é, os ministros Passos, Portas e Madame Albuquerque, a contabilista que sucedeu a Gaspar. Pressionados pela proximidade das eleições e pela desproporção entre os sacrifícios impostos à generalidade da população e os resultados catastróficos que foram obtidos, esses governantes não se pouparam em declarações de propaganda e garantiram que não seriam pedidos mais sacrifícios aos portugueses, porque o PAEF tinha sido um sucesso. Mentiram, sabiam que estavam a mentir e agora estão a desconsiderar-nos e a tratar-nos como uns parvos, ao negar que vão subir os impostos e que preparam mais medidas de austeridade.
As 84 páginas do Documento de Estratégia Orçamental (DEO) que entretanto apresentaram, são de uma confrangedora pobreza e prevêem o aumento do IVA e da TSU, além de outros impostos e sacrifícios. Sempre a mesma receita contabilística de aumentar impostos, enquanto o corte das gorduras do Estado continua por fazer. A reforma do Estado não foi feita porque não há coragem para combater os interesses corporativos instalados no aparelho de Estado e porque continua a faltar a coragem para acabar com os boys e as girls que, vindos das estruturas partidárias, enxameiam a administração pública central, regional e local. Foram três anos de empobrecimento, de endividamento, de emigração, de maior desigualdade, de descrença e de bloqueio, mas de muitos assessores, muitas viagens e muitos Audis. Ajustamento, ainda não sei se foi, mas regabofe foi com certeza. Não foram apenas os programas eleitorais e as promessas não cumpridas. Ninguém sabe o que agora aí vem. A desconfiança é absoluta, até porque a incerteza nas perspectivas económicas mundiais é alta, como aliás salienta o DEO. A crítica a esta trapalhada é quase unânime.
Uma política de verdade deveria reconhecer que a maioria dos objectivos do PAEF falharam e deveria prevenir os cidadãos de que a austeridade terá que continuar, porque três anos de sacrifício e humilhação nada resolveram. Para que os portugueses soubessem e ajuizassem.
Porém, eles insistem na mentira que desacredita a democracia e os políticos, além de minar a confiança dos portugueses. Estou curioso por saber o que vai acontecer no dia 25 de Maio.

A guerra civil já começou na Ucrânia

Nos últimos dias a Ucrânia tem assistido a um aumento da tensão e da confrontação entre os apoiantes do regime instalado em Kiev que tem o apoio ocidental e os separatistas pró-russos, sobretudo nas regiões do sul e do leste do país. A imprensa ocidental trata este tema com profundidade, noticiando os acontecimentos e afirmando uma vez mais que a Ucrânia está à beira da guerra civil. Enquanto as autoridades que tomaram o poder nas ruas de Kiev defendem a unidade da Ucrânia e a ligação ao ocidente, os separatistas pró-russos reivindicam a criação de um estado federal, ou a independência, ou a sua integração na Rússia em termos semelhantes ao que sucedeu na Crimeia. Os acordos de Genebra, que foi negociado em Abril entre a Rússia, a Ucrânia, os Estados Unidos e a União Europeia, previam que as milícias pró-russas abandonassem os edifícios que ocuparam, mas estas recusaram-se a fazê-lo por não terem sido consultadas. Nessas condições, as autoridades de Kiev decidiram impor a ordem e avançaram com tropas sobre as cidades ocupadas. Os russos exigem que as tropas ucranianas retirem, mas os ucranianos exigem que os russos retirem o seu apoio às milícias.
Odessa e Slaviansk são duas cidades onde os separatistas ocuparam ruas e edifícios que nesta altura escapam ao controlo das autoridades ucranianas. Nessas circunstâncias, os confrontos são inevitáveis e ontem traduziram-se em cerca de quatro dezenas de mortos, havendo também a registar o abate de dois helicópteros militares ucranianos, empenhados nas operações de restabelecimento da ordem, o que pressupõe a posse de armamento apropriado fornecido pelos russos. Os esforços diplomáticos já realizados e as sanções económicas já decretadas contra a Rússia não produziram resultados no terreno e, nessas condições, a guerra civil parece que já começou. A dúvida agora está em saber como irá ser - mais ou menos musculada, mais ou menos prolongada - a intervenção da Rússia de Vladimir Putin.