Faleceu ontem num
hospital de Berna, na Suiça, o homem que ente 1997 e 2006 desempenhou as
funções de secretário-geral das Nações Unidas.
Kofi Annan
nasceu no actual Gana e tinha 80 anos de idade, tendo sido o primeiro africano negro e também o primeiro
funcionário das Nações Unidas a ascender ao cargo de secretário-geral,
destacando-se durante a sua longa carreira ao serviço das Nações Unidas como um
defensor consequente da paz, do desenvolvimento sustentável, dos direitos humanos
e da justiça.
Um dos mais
importantes resultados do seu mandato, entre muitos processos de reforma
interna e de fixação de metas ambientais para o planeta, foi a sua mediação no
processo que conduziu à independência de Timor-Leste, que foi acompanhado com
grande unidade e emoção pelo povo português.
Para quem
acompanhou o processo de Timor-Leste, desde a invasão indonésia de 7 de Dezembro
de 1975 até à realização do referendo de 30 de Agosto de 1999, a intervenção de Kofi
Annan foi decisiva ao aceitar as justas reivindicações do povo timorense e ao convencer a parte indonésia e os seus aliados a negociar. Foi ele que utilizou o seu cargo de secretário-geral
das Nações Unidas para relançar o tema da independência de Timor-Leste, uma
causa que estava adormecida e que os americanos e os australianos queriam
esquecer. Em 2001 Kofi Annan recebeu o Prémio Nobel da Paz, numa distinção
partilhada com as Nações Unidas e, em 2003, foi um dos primeiros dirigentes
mundiais a considerar ilegal a invasão norte-americana e britânica do Iraque cujas nefastas consequências ainda são sentidas.
Kofi Annan foi um grande
diplomata, o mundo deve-lhe muito e os portugueses perderam um amigo e um
aliado que soube interpretar os sentimentos de timorenses e de portugueses e
que foi o “padrinho” do primeiro país do século XXI.