Ontem, dois
deputados que andam nestas coisas da política há muito tempo mas que ignoram o
povo que os elegeu, decidiram apresentar uma proposta para que fossem repostos
os subsídios vitalícios de que beneficiavam os ex-políticos. Esses subsídios
vitalícios foram extintos em 2005 por proposta do Governo Sócrates, mas essa
decisão não teve efeitos retroactivos.
Assim, havia ainda cerca de três ou quatro centenas de ex-políticos que em 2005 recebiam
esse subsídio, mas que no ano passado foram cortados. A proposta agora apresentada visava repor esses subsídios. Numa altura em
que há cerca de 400 mil portugueses que não têm emprego nem recebem qualquer
tipo de subsídio, em que perduram cortes de salários e pensões, em que
suportamos a mais elevada carga fiscal da Europa e em que já ninguém ignora que há muita pobreza e
muita fome em Portugal, esta proposta é insensata, lamentável, irresponsável e
até provocatória para os mais desfavorecidos. Os deputados que a apresentaram
não merecem estar na Assembleia da República e era bom que se demitissem. Não
merecem estar sentados naquelas cadeiras. São deputados de elevada toxicidade
que podem infectar os deputados sérios. Apesar disso, a proposta foi votada e
aprovada pelos deputados do PS e do PSD e hoje esse facto é tema de capa do Jornal
de Notícias. Aqueles que ontem votaram favoravelmente a proposta, devem
ter ido para casa envergonhados, com um enorme peso na consciência e com
remorsos pelo triste papel que desempenharam.
Hoje foi afirmado que
regressou o bom senso e os deputados retiraram a proposta. Então ontem não tiveram bom senso. Foram insensatos. Aqueles que ontem
votaram contra, hoje aplaudiram a reviravolta, o que mostra que estes deputados
servem para tudo. É uma enorme tristeza!
Este lamentável
episódio serviu para revelar alguns deputados coerentes e consequentes, caso da deputada Mortágua, mas
também serviu para mostrar a força da sociedade civil e a "revolta da opinião pública". Nesse aspecto, o Forum
TSF e o seu editor Manuel Acácio foram decisivos na sensibilização dos
seus ouvintes (e até dos próprios deputados) para o problema e trouxeram para
a luz do dia a lamentável proposta feita pelos dois deputados que visava o
restabelecimento das subvenções vitalícias.