domingo, 28 de agosto de 2016

O meu aplauso à publicidade criativa

O Café Império fica localizado no número 205 da Avenida Almirante Reis e foi projectado por Cassiano Branco em 1947, embora só tivesse sido inaugurado em 1955. A partir de então, aquele moderno e amplo espaço amplo passou a “dar abrigo” às tertúlias de jovens estudantes lisboetas que ocupavam as suas pequenas mesas redondas a troco de uma bica consumida durante uma tarde inteira, embora nele se  adivinhasse a presença canalha dos informadores da Pide. O café fechava às duas e meia da madrugada e pela noite dentro servia os famosos bifes à Império que lhe trouxeram fama e que rivalizavam com os bifes da Portugália, cada qual com o seu apreciado molho e os seus adeptos.
Um dia o edifício foi adquirido pela IURD e o Café Império foi encerrado, havendo a intenção de o transformar num espaço de culto. Porém, houve contestação e a obra foi embargada pela Câmara Municipal. Nessas circunstâncias a IURD trespassou aquele espaço e daí surgiu a oportunidade de ressuscitar e remodelar o Café Império, que voltou a ser o atraente restaurante que tinha sido e a servir, entre outros pratos, os seus apreciados bifes.
Curiosamente os bifes à Império são objecto de uma publicidade muito criativa e que recorre às imagens da política portuguesa. Assim, há cerca de dois anos foi utilizado o slogan “Farto de coelho?”, numa alusão ao rapaz de Massamá que chefiava o governo, enquanto actualmente a promoção assenta no slogan “A coligação que agrada a todos”, isto é, o bife, o molho e o ovo.
O mínimo que se pode dizer é que a qualidade da mensagem publicitária está em sintonia com a qualidade da cozinha daquela casa de tão boas memórias!

O fim da guerra civil na Colômbia

A guerra civil da Colômbia terminou, segundo anunciou El Heraldo. Era, provavelmente, uma das mais antigas guerras do nosso planeta, que alguns consideravam ter sido iniciada em 1948 e outros em 1964. Durou muito tempo. Foi meio século de guerra fratricida em que morreram cerca de 220 mil pessoas e que fez mais de seis milhões de refugiados dentro das fronteiras colombianas. O acordo de paz foi assinado em Havana entre o governo colombiano de Juan Manuel Santos e as FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, depois de quatro longos anos de negociações.
Este acordo é um marco importante na vida da Colômbia, mas ainda não resolve o problema. É apenas um primeiro passo, embora muito importante. Calcula-se que as FARC tenham um contingente armado de cerca de dez mil guerrilheiros que agora vão ser reintegrados, mas há muitas dúvidas quanto à possibilidade dessa reintegração, pois muitos deles são homens e mulheres que não conheceram outro cenário de vida para além da selva e da guerrilha, havendo também muitos que foram raptados e forçados a ser guerrilheiros. Porém, para além das FARC ainda há outros grupos armados a actuar na Colômbia, uns de esquerda e outros de direita, eventualmente ligados ao negócio da droga, o que pode vir a complicar o processo de paz.
Há que ter confiança. Depois de cessarem os combates e os raptos, há que sarar as  feridas. Os colombianos desejam o fim do sofrimento, da dor e da tragédia da guerra e, certamente, vão perdoar-se dos seus excessos. No próximo dia 2 de Outubro o povo da Colômbia vai votar num referendo para aceitar ou rejeitar o acordo de paz assinado entre o governo e as FARC. Só pode ser mais um reforço do processo de paz.