Nos últimos dias temos
assistido impotentes ao aumento da escalada em que navega a generalidade dos líderes
europeus, do Atlântico aos Urais, com a NATO a considerar a Rússia como a sua
maior e mais directa ameaça e a Rússia a prometer resposta às decisões da NATO.
A tensão está a aumentar e não há notícias quanto a possíveis diligências
diplomáticas para terminar com a “operação especial” desencadeada por Vladimir Putin.
Entretanto, a Ucrânia vai sendo destruída apesar de todo o armamento que
recebe, enquanto o povo ucraniano continua a sofrer as consequências da guerra
e a ser vítima de uma enorme tragédia humanitária. Nesse contexto, é
bem curioso que, nas suas últimas edições, uma parte da imprensa francesa, nomeadamente
o jornal Le Parisien, não tenha destacado como manchete a guerra da
Ucrânia ou a cimeira da NATO, tendo-se centrado na 109ª edição do Tour de France, que se inicia na próxima
sexta-feira.
Esse destaque resulta do facto de Julian Alaphilippe, bicampeão
mundial e estrela maior do ciclismo francês que corre pela equipa belga
Quick-Step Alpha Vinyl, ter sido preterido da equipa que vai disputar o Tour por não estar ainda recuperado de
uma queda que sofreu no dia 24 de Abril na clássica Liége-Bastogne-Liége, em
que perfurou um pulmão, partiu duas costelas e teve um ombro deslocado. Os
franceses parece estarem mais desolados com a ausência de Julian Alaphilippe do
Tour, do que com o que se passa em
torno da guerra na Ucrânia e, certamente, até ao dia 24 de Julho, não vão
pensar noutra coisa que não seja o Tour, que é a sua maior loucura desportiva.