quarta-feira, 29 de junho de 2022

Os franceses e a loucura do Tour de France

Nos últimos dias temos assistido impotentes ao aumento da escalada em que navega a generalidade dos líderes europeus, do Atlântico aos Urais, com a NATO a considerar a Rússia como a sua maior e mais directa ameaça e a Rússia a prometer resposta às decisões da NATO. A tensão está a aumentar e não há notícias quanto a possíveis diligências diplomáticas para terminar com a “operação especial” desencadeada por Vladimir Putin. 
Entretanto, a Ucrânia vai sendo destruída apesar de todo o armamento que recebe, enquanto o povo ucraniano continua a sofrer as consequências da guerra e a ser vítima de uma enorme tragédia humanitária. Nesse contexto, é bem curioso que, nas suas últimas edições, uma parte da imprensa francesa, nomeadamente o jornal Le Parisien, não tenha destacado como manchete a guerra da Ucrânia ou a cimeira da NATO, tendo-se centrado na 109ª edição do Tour de France, que se inicia na próxima sexta-feira. 
Esse destaque resulta do facto de Julian Alaphilippe, bicampeão mundial e estrela maior do ciclismo francês que corre pela equipa belga Quick-Step Alpha Vinyl, ter sido preterido da equipa que vai disputar o Tour por não estar ainda recuperado de uma queda que sofreu no dia 24 de Abril na clássica Liége-Bastogne-Liége, em que perfurou um pulmão, partiu duas costelas e teve um ombro deslocado. Os franceses parece estarem mais desolados com a ausência de Julian Alaphilippe do Tour, do que com o que se passa em torno da guerra na Ucrânia e, certamente, até ao dia 24 de Julho, não vão pensar noutra coisa que não seja o Tour, que é a sua maior loucura desportiva.