quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Uma cimeira da NATO cheia de polémica


Está a decorrer em Londres uma cimeira para assinalar o 70º aniversário da criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), de que Portugal é um dos doze países fundadores. Com 70 anos de idade e com um mundo tão diferente do que era em 1949, a organização precisa de ser repensada, porque tendo vivido cerca de cinquenta anos com um adversário de referência que era a União Soviética e de ter alimentado a sua coesão em torno da chamada Guerra Fria, parece ter chegado agora a um túnel sem saída.
O alargamento da NATO aconteceu em circunstâncias conjunturais e com objectivos pouco claros. A NATO transformou-se numa arca de Noé e chegou aos 29 membros, o último dos quais é a República do Montenegro, o que mostra que a ideia inicial da Aliança Atlântica foi ultrapassada e que até o seu nome precisa de ser reformulado.
O envolvimento na guerra do Afeganistão é um bom exemplo do desnorte da NATO e da forma como a organização segue os interesses americanos que, aparentemente, querem ser os polícias do mundo mas que não dispensam o apoio político e até o envolvimento directo dos seus aliados no terreno, mas muitos dos seus estados-membros não gostam deste procedimento hegemónico.
Nos últimos tempos as coisas azedaram-se porque acabou a Guerra Fria que tanto estimulava a coesão da NATO e porque o Donald entrou em cena ao criticar os seus aliados por terem gastos militares que se situam abaixo de 2% do respectivo produto nacional, pensando dessa forma “despachar a bom preço” muito material para os seus aliados. Depois decidiu retirar-se do norte da Síria e permitir que a Turquia atacasse os curdos que combateram ao lado das tropas ocidentais contra o Daesh. Por outro lado, a Turquia decidiu adquirir a nova geração de mísseis antiaéreos russos S-400 e essa decisão veio acentuar as tensões entre vários membros da NATO.
Numa recente entrevista Emmanuel Macron disse que a NATO está em morte cerebral e o Donald considerou insultuosa essa declaração. Estão amuados entre si e ambos bastante zangados com Recep Tayyip Erdogan. Eles são as estrelas desta cimeira como destaca hoje o The Wall Street Journal e mostram que o futuro desta NATO é incerto e está mesmo em perigo.