Está a decorrer
em Londres uma cimeira para assinalar o 70º aniversário da criação da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), de que Portugal é um dos doze
países fundadores. Com 70 anos de idade e com um mundo tão diferente do que era
em 1949, a organização precisa de ser repensada, porque tendo vivido cerca de
cinquenta anos com um adversário de referência que era a União Soviética e de
ter alimentado a sua coesão em torno da chamada Guerra Fria, parece ter chegado
agora a um túnel sem saída.
O alargamento da
NATO aconteceu em circunstâncias conjunturais e com objectivos pouco claros. A
NATO transformou-se numa arca de Noé e chegou aos 29 membros, o último dos
quais é a República do Montenegro, o que mostra que a ideia inicial da Aliança
Atlântica foi ultrapassada e que até o seu nome precisa de ser reformulado.
O envolvimento na
guerra do Afeganistão é um bom exemplo do desnorte da NATO e da forma como a
organização segue os interesses americanos que, aparentemente, querem ser os
polícias do mundo mas que não dispensam o apoio político e até o envolvimento directo
dos seus aliados no terreno, mas muitos dos seus estados-membros não gostam
deste procedimento hegemónico.
Nos últimos tempos
as coisas azedaram-se porque acabou a Guerra Fria que tanto estimulava a coesão
da NATO e porque o Donald entrou em cena ao criticar os seus aliados por terem
gastos militares que se situam abaixo de 2% do respectivo produto nacional,
pensando dessa forma “despachar a bom preço” muito material para os seus
aliados. Depois decidiu retirar-se do norte da Síria e permitir que a Turquia
atacasse os curdos que combateram ao lado das tropas ocidentais contra o Daesh.
Por outro lado, a Turquia decidiu adquirir a nova geração de mísseis antiaéreos
russos S-400 e essa decisão veio acentuar as tensões entre vários membros da
NATO.
Numa recente
entrevista Emmanuel Macron disse que a NATO está em morte cerebral e o Donald
considerou insultuosa essa declaração. Estão amuados entre si e ambos bastante zangados
com Recep Tayyip Erdogan. Eles são as estrelas desta cimeira como destaca hoje o The Wall Street Journal e mostram que o futuro desta NATO é
incerto e está mesmo em perigo.