quinta-feira, 29 de novembro de 2018

A persistência da agitação na Catalunha

Depois da agitação independentista que ele próprio alimentou, o governo da Catalunha e o seu presidente Quim Torra enfrentam agora um Otoño caliente, como diz hoje o jornal elPeriódico de Barcelona. O protesto parece ser generalizado e tem dado origem a grandes manifestações de massas em que as bandeiras da Catalunha foram substituídas pelas bandeiras de diversas cores dos sindicatos e em que se têm registado confrontos e algumas destruições na via pública. Há inúmeros conflitos laborais e greves que duram há vários dias, nomeadamente dos médicos, professores, estudantes e funcionários públicos. Os sindicatos reclamam pela reversão dos cortes remuneratórios aplicados em 2011, pelo pagamento do trabalho extraordinário e de uma forma geral pela reposição do poder de compra dos seus trabalhadores.
Nesta altura do ano, é normal intensificar-se a reivindicação sindical, mas no caso da Catalunha é bem curioso como as manifestações que até há bem pouco tempo eram a favor do independentista Quim Torra, sejam agora contra a sua governação e com algum grau de radicalismo. No seu caso bem se pode dizer que “semeou ventos” e que está a “colher tempestades”, mas também se pode dizer que em tão pouco tempo passou de bestial a besta em, como se fosse um treinador de futebol.
Provavelmente não foi feito o retrato sociológico dos manifestantes catalães, mas talvez sejam os mesmos, aqueles que idolatraram Torra e aqueles que agora o insultam, o que significa simplesmente que as massas são manipuláveis, o que é um facto bem conhecido das teorias da comunicação.

Macau procura preservar a língua patuá

Os portugueses instalaram-se na península de Macau em meados do século XVI e desde então começou a afirmar-se uma língua crioula de base portuguesa, influenciada pelas línguas chinesas, malaias e cingalesas, mas também de inglês, do tailandês, do japonês e de algumas línguas indianas. Essa língua é conhecida como o Patuá macaense, outras vezes como o Papia Cristam di Macau e outras, ainda, como Doci Papiaçam di Macau.
Ao longo do século XX, com o aparecimento de novos meios de comunicação, o Patuá deixou de ser uma língua corrente, entrou em vias de extinção e era conhecido apenas por um número cada vez menor de macaenses. Até que em 1993 surgiu uma associação cultural com o objectivo expresso de salvar e divulgar essa língua crioula, enquanto símbolo identitário, histórico e cultural de Macau. Essa associação é o Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, fundado e dinamizado pelo advogado macaense Miguel de Senna Fernandes, que o jornal Tribuna de Macau destaca na sua última edição.
O Dóci Papiaçám di Macau, tal como outros grupos e associações culturais macaenses, tem procurado proteger o Patuá macaense, apresentando peças teatrais e músicas em Patuá, publicando um Dicionário Português-Patuá e mantendo o objectivo de incluir o Patuá na Lista do Património Oral e Imaterial da Humanidade da Unesco.
O grupo celebra agora 25 anos de vida e a sua actividade é considerada uma referência da cultura macaense por ter feito renascer o interesse pelo Patuá e por agregar pessoas de etnias, classes sociais, idades e sensibilidades diversas, o que de certa forma representa a identidade do território de Macau, isto é, “um lugar comum a muitas pessoas diferentes”.