O terror e a
violência chegaram agora a Berlim, a Ankara e a Zurich ou, como diz o diário
escocês The Herald, os ataques terroristas atravessam toda a Europa.
Antes, o terror passara por Nova Iorque, Moscovo, Madrid, Londres, Bruxelas,
Paris e Nice. A ameaça terrorista parece que se está a tornar numa maldição que ataca e
quer destruir a paz social e a harmonia a que aspiram cada homem e cada comunidade.
Antigamente o terrorismo tinha contornos políticos bem definidos e
traduzia-se por uma luta contra os poderes ilegítimos ou ditatoriais, através
de acções violentas como assassinatos, sequestros, raptos, assaltos ou
explosões de bombas, mas nos tempos modernos a feição do terrorismo alterou-se.
Embora utilize o mesmo tipo de violência contra alvos selectivos por forma a
provocar vítimas ou a destruição de instalações, o seu objectivo principal é de
natureza psicológica e destina-se a gerar o medo e o pânico nas populações, a
perturbar a actividade económica e a fragilizar a vida social das comunidades.
O terrorismo
que está a atravessar a Europa tem raizes e motivações que não têm sido
compreendidas pelas autoridades europeias e, sobretudo, pelos governantes dos
seus principais países, que têm alinhado com a desastrada política
americana, primeiro de George W. Bush e depois de Barack Obama. Certamente que
David Cameron, Nicolas Sarkozy e François Hollande, com a sua imprudente
atitude de querer agradar aos americanos e vender armas aos países ricos do
Golfo Pérsico, têm grandes responsabilidades na tragédia que está acontecer na
Síria, mas também no Iraque, na Líbia e no Iémen. Os países países ricos do
Golfo – Arábia Saudita, Catar, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Omã e Kuwait – não
aceitam os seus irmãos sírios ou iraquianos como refugiados, mas em
contrapartida compram enormes arsenais de armamento com que alimentam os grupos
que se guerreiam na Síria e no Iraque. O ocidente vive nesta hipocrisia que
esconde com uma propaganda mentirosa, apenas porque quer vender armamento a quem
tem dinheiro para o pagar, obrigando-se em troca a aceitar os refugiados sírios e o seu
desespero.
A desnorteada Europa semeou
ventos, agora está a colher tempestades.