segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Há entendimento entre Biden e Macron?

Emmanuel Macron foi em visita oficial aos Estados Unidos e a enorme zanga franco-americana que resultara do cancelamento do contrato para o fornecimento de submarinos franceses à Austrália, que os americanos reverteram a seu favor, parece ter sido ultrapassada. A fotografia publicada pelo Financial Times, com os dois líderes cheios de sorrisos, parece mostrar um relacionamento menos tenso e mais efectivo. Porém, estes dois velhos amigos e aliados, pelo menos desde 1776, também tinham na agenda outros assuntos como o défice energético europeu e, sobretudo, a guerra na Ucrânia e, nesse ponto, surgiram algumas divergências. Ambos acusam Putin de estar a levar a guerra a alvos civis e de utilizar o inverno para derrotar o moral ucraniano, prometendo reforçar o seu apoio à Ucrânia, embora Macron entenda que a guerra deva terminar rapidamente na mesa de negociações e não no campo de batalha. Por isso, Macron entende que “o Ocidente deve dar garantias à Rússia” e que é necessário “acomodar Putin”, o que não agrada aos falcões que o querem derrotar, mesmo que a Ucrânia seja destruída e o seu povo sofra.
De facto, desde o início da guerra que Joe Biden e os seus amigos defendem que a Ucrânia deve ser ajudada para vencer a guerra e que a Rússia deve ser derrotada, até porque essa atitude fortalece a economia americana. Porém, a escolha de Macron como interlocutor europeu dos Estados Unidos tem algum significado. Segundo os analistas, o Reino Unido marginalizou-se com o Brexit e Rishi Sunak ainda está a aprender, enquanto Olaf Scholz é cauteloso e ainda não tem a autoridade de Angela Merkel. Por isso, Emmanuel Macron parece ser a pessoa certa para abrir as portas a um cessar-fogo e a negociações de paz, pelo que até já anunciou que voltará em breve a falar com Putin.
Nunca se falou tanto em negociações de paz como nos últimos dias.