A guerra na
Ucrânia está quase a perfazer um ano e os cenários de morte e de destruição são
impressionantes. A dimensão da catástrofe humanitária é aterradora e não há
sinais de que alguém procure o cessar-fogo, as negociações e a paz. Pelo contrário,
a linguagem da guerra é cada vez mais agressiva, com cada uma das partes a
pretender destruir o adversário. O povo ucraniano sofre e acaba por ser a vítima
do confronto de interesses que não serão os seus.
Ninguém imaginava
que a vontade ucraniana de se juntar à União Europeia e à NATO, pudesse levar à
intervenção da Rússia e a um confronto que, cada vez mais, tem envolvimentos
internacionais e que é demasiado perigoso para o futuro do nosso planeta.
Muitos
procuram o confronto e poucos procuram o consenso. Na sua edição de
ontem, o diário holandês Trouw que se publica em Amesterdão,
destaca o conflito em curso e ilustra a sua primeira página com um mapa da
Ucrânia, mostrando as silhuetas do tanque inglês Challenger 2 e do tanque alemão Leopard
2A4, parecendo sugerir que serão esses tanques que poderão resolver a
situação militar a favor da Ucrânia. O título da notícia salienta que o
Ocidente vai aumentar o seu apoio em armamento na esperança de desequilibrar a
situação que, desde há várias semanas, parece ser estável na frente de combate.
Porém, as silhuetas dos tanques podem sugerir aos leitores que eles serão a
chave para a vitória ucraniana, mas essa sugestão é enganadora, porque o poder
militar depende de vontades, de estratégias, de qualificações e de um mix de
armamento, que envolve muitos outros meios como os aviões, os mísseis, a artilharia
e os drones, entre outros. Os ucranianos “exigem” tanques modernos para
derrotar os russos, mas isso pode significar uma escalada no conflito que muitos dos seus
aliados e amigos não querem. A Ucrânia vem denunciando a “indecisão geral” dos
seus aliados quanto ao fornecimento de tanques, sobretudo os famosos Leopard 2A4 alemães, mas muitos
especialistas afirmam que aquela guerra não tem solução militar, embora haja demasiados
políticos que não os ouvem.