quinta-feira, 7 de julho de 2016

O Reino Unido não perdoa a Tony Blair

Toda a imprensa britânica de referência destaca hoje nas suas primeiras páginas a fotografia do Tony Blair, a propósito da divulgação do relatório de Sir John Chilcot sobre a invasão do Iraque em 2003, deixando graves acusações ao comportamento do antigo Primeiro-Ministro. O relatório é classificado como implacável e devastador, condenando Tony Blair, ou pelo menos é essa a mensagem que passa para a opinião pública, pois revela uma vez mais que não havendo provas suficientes para derrubar Sadam Hussein, estas foram adulteradas para justificar a intervenção britânica ao lado dos americanos. O relatório revela que a decisão precipitada de Blair fez com que as tropas britânicas fossem mal preparadas para a guerra, salientando que muitos dos que então alertaram para o erro que estava a ser cometido foram ignorados ou perseguidos.
Entretanto, algumas famílias dos 179 soldados e civis britânicos mortos no Iraque, continuam a responsabilizar Blair pela participação britânica na guerra e não estão convencidas de que ele não soubesse o que estava a fazer, pelo que consideram que, após este relatório demolidor, ele deveria ir para a Haia para ser julgado por crimes de guerra. Ao mesmo tempo, os activistas dos direitos humanos britânicos não isentam Tony Blair de responsabilidades na destruição do Iraque e na morte de cerca de 150 mil civis durante a guerra.
Curiosamente, alguns jornais espanhóis noticiaram a divulgação do Relatório Chilcot, mas escolheram a fotografia da Cimeira das Lajes com Bush, Blair e Aznar, ignorando o mordomo desse encontro que foi um tal Durão Barroso que, naturalmente, também tem culpas nesta trapalhada  conduzida por Bush e Blair, que trouxe tanta instabilidade àquela região e ao mundo.

O futebol ressuscita o orgulho nacional

Ontem foi um dia de grande festa para os portugueses espalhados pelo mundo ao verem a sua selecção nacional de futebol atingir a final do Euro 2016, com uma exibição de talento e qualidade. Tinha-se iniciado a segunda parte do jogo das meias-finais com a selecção do País de Gales e pouco passava das 21 horas, quando Cristiano Ronaldo se elevou a 2,88 metros de altura e marcou de cabeça o primeiro golo da partida. Esse momento de grande alegria, mas também de grande capacidade atlética e poder futebolístico do nosso mais famoso jogador, está retratado na capa do diário espanhol Marca, mas também em jornais de muitos outros países. As televisões mostraram repetidamente esse gesto de Cristiano Ronaldo que vai ficar a marcar a presença portuguesa no Euro 2016.
A vitória portuguesa foi reconhecidamente justa e gerou uma onda de euforia não só em Portugal, mas também na generalidade dos países onde vivem portugueses. Através da televisão todos pudemos ver inúmeras cenas de emocionante entusiasmo e de orgulho nacional, ocorridas em cidades tão diferentes como a vizinha Paris ou a distante Dili, onde se cantou A Portuguesa e se agitaram bandeiras verde-rubras. Esse é, porventura, um dos mais importantes resultados da epopeia futebolística que está a decorrer em França. E sendo o futebol um dos palcos onde modernamente se confrontam o poder das nações e as suas rivalidades, o nosso sucesso não só é uma festa para os portugueses, mas é também um soco no estômago daqueles que alguma vez humilharam os portugueses e, em especial, aqueles que a vida obrigou a emigrar. O jogo de ontem não foi apenas uma vitória por 2-0 sobre o País de Gales, nem o acesso à final do Euro 2016, porque também foi um enorme passo a ressuscitar o orgulho nacional de um povo e de uma cultura que a Europa tanto tem marginalizado e, por vezes, humilhado.