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Desde há cerca de 18 meses que o actual governo está no poder e, desde há cerca de 18 meses que, para ajustar a economia e reduzir a dívida e o défice, o ministro das Finanças fez aumentar a electricidade, os transportes, a água, as taxas moderadoras e, naturalmente, todos impostos directos e indirectos. As dificuldades aumentaram para as famílias e para as empresas. A pobreza aumentou escandalosamente. O desemprego aumentou brutalmente e os mais capazes emigram. A dívida já vai nos 120% do PIB e, teimosamente, o défice não baixa. Disse Adriano Moreira: “nunca vi uma situação tão severa na vida portuguesa”. Disse Jorge Sampaio: “a austeridade está a rebentar com o país”.
Contudo, apesar desta brutal agressão aos portugueses e desta sofreguidão fiscal, o que se verifica é que as coisas não correm bem, embora os nossos contabilistas teimem em afirmar que estamos no bom caminho, repetindo o que dizem os seus amigos e colegas eurocratas. Apesar do aumento dos impostos a receita pública tem diminuído e o Correio da Manhã revela hoje que está 1,7 milhões de euros abaixo das previsões. É um desvio brutal. É um soco no estômago.
As previsões governamentais têm sido irrealistas como muito boa gente tem alertado. Os nossos contabilistas ainda não perceberam que, a partir de certos limites de carga fiscal, a receita diminui. Não está apenas nos livros. Está à vista há muito tempo. Assim, enquanto há quem escolha o pequeno Gaspar como a personalidade do ano, eu sujeito-o a uma avaliação por resultados e só o posso reprovar. Ele não tem acertado uma e, sob uma aparente humildade, apenas tem mostrado muita arrogância, pouca sabedoria e um crescente apetite pelo poder.