terça-feira, 2 de julho de 2024

A grandeza de Ronaldo até se vê no choro

A figura de Cristiano Ronaldo é reconhecida e admirada em todo o mundo, não só pelo seu currículo futebolístico, mas também por muitas das atitudes que toma fora dos campos de futebol, sobretudo em acções de solidariedade.
A sua carreira, bem como os seus sucessos ou os seus insucessos, são notícia na imprensa de vários países, sobretudo naqueles onde jogou e entusiasmou multidões. Assim acontece em Espanha, onde jogou na equipa do Real Madrid durante nove anos, tendo feito 438 jogos e marcado 451 golos, o que faz dele o maior marcador de golos da história do clube, onde conquistou quatro Ligas dos Campeões Europeus e quatro Bolas de Ouro. Depois do Real Madrid, jogou em Itália e, com 39 anos de idade, ainda joga na Arábia Saudita e na selecção nacional de futebol.
Cristiano Ronaldo é um ídolo que continua a ser recordado em Espanha, sobretudo pelos adeptos do Real Madrid e, na sua edição de hoje, o jornal desportivo as dedica-lhe a sua primeira página com uma expressiva fotografia, em que ele chora por ter falhado um penalti que podia ter resolvido a favor de Portugal, o jogo que disputava com a Eslovénia. O título diz “a cuartos llorando”, o que significa que Portugal passou aos quartos-de-final apesar do choro de Ronaldo, mas a fotografia também mostra como o futebol desperta emoções profundas nos jogadores.
O jogo veio a ser resolvido por penaltis, tendo Cristiano Ronaldo sido o primeiro a marcar e com sucesso. Porém, a sua fotografia num jornal espanhol, é uma homenagem e exprime a grandeza deste jogador português que marca golos e que é rico e poderoso mas que perante o insucesso chora como o mais comum dos mortais.

Costa só há um, o Diogo e mais nenhum

Que o António Costa, mais o Afonso Costa e o Gomes da Costa, mais todos os Costas do mundo, me desculpem, inclusive os Costas da minha família mas, depois do que vimos ontem, há que afirmar que “Costa só há um, o Diogo e mais nenhum”. Esta revelação começou a afirmar-se ontem no jogo contra a Eslovénia dos oitavos-de-final do Euro 2024, em que Diogo Costa fez uma defesa salvadora aos 115 minutos, quando o esloveno Sesko lhe surgiu isolado pela frente. Não tendo havido golos durante os 120 minutos de jogo, a decisão foi para os penaltis e Diogo Costa lá foi para a baliza para cumprir o seu papel, tendo defendido o primeiro, depois o segundo e, por fim, o terceiro. Nunca se vira nada como isto. Com intuição e com segurança, Diogo Costa defendeu tudo com “as mãos de Portugal”, como se lhe referiu o jornal A Bola. Não foi preciso defender mais porque os jogadores portugueses não falharam o primeiro, nem o segundo, nem o terceiro penalti que marcaram. Depois de tanto sofrimento e tanta emoção desportivas, a selecção portuguesa estava apurada para os quartos-de-final do Euro 2024, em que defrontará a França.
Milhões de portugueses, excitados por longas horas de espaços televisivos, cansativos e repetitivos, apresentados por “jornalistas” medíocres e bajuladores, vibraram com as defesas de Diogo Costa e com a vitória portuguesa, que esteve tão comprometida.
Com 24 anos de idade, este atleta que nasceu em Rothrist, na Suiça, mas que cresceu em Santo Tirso, joga no F.C. Porto desde 2011 e, a partir de ontem, tornou-se o Costa mais conhecido e admirado de todos os Costas de Portugal.

R.I.P. Fausto Bordalo Dias

Deixou-nos aos 75 anos de idade o homem que foi considerado “um monumental criador de canções” e cuja obra maior foi o Por Este Rio Acima, provavelmente o mais importante disco da música portuguesa. Num tempo de grande criatividade musical em que se destacaram criadores famosos como José Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco, aquele notável disco de Fausto como criador e cantautor, parece ultrapassá-lo a si próprio, pois permanece vivo desde 1982. 
Essa sua obra de referência explora o tema dos descobrimentos marítimos portugueses, um tema simultaneamente grandioso e polémico, tendo procurado inspiração na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto e nos seus enredos, como por exemplo o medo, o horror, a escravidão, o sonho e a saudade, que exprime em canções como “O barco vai de saída”, “Navegar, navegar” ou “A guerra é a guerra”, em que se serviu de uma diversidade musical e instrumental invulgares, cujas raízes se encontram no folclore português e na música africana.
Fausto nascera em 1948 a bordo do paquete Pátria em pleno oceano Atlântico, quando o navio navegava de Lisboa para Luanda, tendo vivido em Angola até 1968, ano em que rumou a Lisboa para iniciar os seus estudos universitários. Consigo, trouxe o ritmo musical africano que passou a conjugar com a tradição da música popular portuguesa, que se tornaram marcas distintivas da sua obra.
Fausto Bordalo Dias partiu, mas deixou-nos o Por Este Rio Acima, para ouvirmos muitas mais vezes. Apesar de outros grandes destaques do dia, a morte de Fausto foi noticiada em primeira página pela imprensa portuguesa, designadamente pelo jornal Público, que dedicou três páginas ao "genial alquimista da música portuguesa".