Na sua edição de
hoje o jornal The Irish Times, que se publica em Dublin e é considerado o
mais influente diário irlandês, insere na sua primeira página um interessante texto
de opinião assinado pelo jornalista Jack Power, o correspondente do jornal em
Bruxelas. Nesse texto intitulado “Europe may seek direct talks with Russia”. Power escreveu que “os líderes europeus estão a considerar a reabertura de uma
linha directa de diálogo com a Rússia, acabando com o efectivo silêncio
diplomático de quatro anos, numa tentativa de evitar a sua marginalização nas
negociações para acabar com a guerra na Ucrânia”. A ser assim, finalmente,
ficaria aberta uma porta que nunca deveria ter sido fechada pela cegueira
política de alguns dirigentes europeus míopes e incultos, como Boris Johnson,
Ursula von der Leyen e Mark Rutte que, cada um deles à sua maneira, convenceram
Zelensky que podia ganhar a guerra e que teria ajuda “o tempo que for preciso”.
Actualmente, as
propagandas não nos permitem conhecer a realidade no terreno, nem o andamento
das negociações entre Trump e Putin, nem o envolvimento de Zelensky, mas parece
evidente que os líderes europeus deixaram de ser ouvidos e respeitados. Apesar
disso, na recente cimeira de Bruxelas conseguiram disfarçar as suas diferenças
de opinião e concordar com um empréstimo de 90 mil milhões de euros para apoiar
a guerra da Ucrânia contra a Rússia, no qual não participarão a Hungria, a Eslováquia
e a Chéquia. Uma vez que nem a União Europeia nem os seus estados-membros têm esse
volume de capital disponível, a Comissão Europeia irá endividar-se nos mercados financeiros e emitirá obrigações de curto e longo prazo. Ninguém sabe se é possível ou não angariar
esse volume de capital, nem quem o vai pagar porque, disse António Costa, “a Ucrânia
apenas vai pagar este empréstimo quando a Rússia pagar as reparações de guerra”. Foi uma fuga para
a frente...
O melhor é mesmo seguir o conselho de Jack
Power e do jornal The Irish Times, ou seja, é preciso conversar porque morrer não é preciso!
