quarta-feira, 17 de agosto de 2022

A guerra continua a destruir a Ucrânia

Na sua edição de hoje, o jornal The Washington Post inclui um extenso artigo em que historia o longo processo político e diplomático que deu origem ao actual conflito militar na Ucrânia, com o expressivo título “Road to war”. É um artigo extenso e muito bem documentado, em que os principais protagonistas desta triste história – Putin, Biden e Zelensky – têm direito a fotografia na primeira página do jornal.
Os argumentos de ambas as partes são conhecidos e se nos lembrarmos que Putin e Biden falaram ao telefone durante uma hora no dia 12 de Fevereiro, ficamos perplexos por não terem chegado a acordo e terem cedido às suas ambições pela liderança mundial. Nessa altura haveria cerca de cem mil soldados russos nas fronteiras ucranianas e foi com essas forças que Putin mandou avançar as suas tropas mas, segundo refere o jornal, os Estados Unidos, o Reino Unido e outros membros da NATO tinham passado anos a treinar e a equipar os militares ucranianos, enquanto os Estados Unidos tinham estabelecido uma linha de comunicação directa dos militares ucranianos ao comando militar americano na Europa.
Significa que todos, nomeadamente russos e americanos, se tinham preparado para a guerra e que todos foram incapazes de a evitar, tendo desvalorizado as suas trágicas consequências para o povo ucraniano, que é a principal vítima desta tragédia. São passados quase seis meses sem que haja sinais de cessar-fogo, de negociações e de paz, havendo pelo contrário alguns sinais que agravam a situação.
De facto, nos últimos dias a iniciativa ucraniana desafiou a Rússia com ataques a objectivos militares na Crimeia, um território que Putin considera “sagrado”. Primeiro foi um ataque a uma base aérea russa que destruiu vários aviões e, mais recentemente, foi um ataque a um depósito de munições realizado por uma unidade militar de elite ucraniana a operar atrás das linhas inimigas. Foram duas vitórias para Zelensky e para o seu patrono Biden, mas foram dois golpes dolorosos para Putin e para o seu orgulho.
Amanhã Guterres vai conversar com Zelensky, na companhia de Erdogan. 
O mundo espera que a conversa corra bem.