segunda-feira, 27 de março de 2017

O Brexit pode ser uma boa oportunidade

Foi anunciado pela primeira-ministra britânica Theresa May que o processo de saída da Grã-Bretanha da União Europeia se iniciará na próxima 4ª feira, dia 29 de Março, com a activação do artigo 50º do Tratado de Lisboa, dando-se assim andamento aos resultados do referendo de 23 de Junho de 2016. Uma decisão desta importância, que é tomada com base numa escassa vitória por 51.9% de votos no referendo e contra a opinião do eleitorado da Escócia e da Irlanda do Norte é, sem dúvida, uma decisão de alto risco, até porque são imprevisíveis as suas conseqüências internas e externas. Internamente há sérios riscos de desintegração do Reino Unido, com a Escócia a reclamar a sua independência e a Irlanda do Norte a apostar na sua integração na República da Irlanda, mas também se temem graves conseqüências económicas como a fuga de empresas estrangeiras, a quebra de investimentos e a redução do seu comércio externo. Externamente, também há muitos fantasmas a pairar, porque o exemplo britânico pode ser a caixa de Pandora que acelere a desagregação da União Europeia que, sem o Reino Unido, se torna mais fraca e mais vulnerável. A incerteza está a dominar as opiniões públicas quanto ao futuro e quanto à crise que aí vem, havendo "estudos" que servem e justificam todas as opiniões sobre as boas ou más consequências do Brexit.
Porém, uma das opiniões menos conhecidas hoje veiculada pelo semanário francês La Vie, sugere que o Brexit é uma boa oportunidade para a Europa se reformar e retomar os princípios do Tratado de Roma que muitos têm procurado não cumprir, ao manterem-se amarrados aos seus nacionalismos e ignorando os princípios da coesão e da solidariedade. Parece ser o caso britânico, que nunca aceitou ser igual entre iguais e que, em boa verdade, nunca perdeu a sua arrogância imperial e vitoriana, nem a sua hostilidade aos ventos continentais, não só os de Napoleão e de Hitler, mas também os que agora sopram democraticamente de Bruxelas. 
Aproximam-se tempos de crise, mas é das crises que surgem sempre as oportunidades de transformação.