Foi
anunciado pela primeira-ministra britânica Theresa May que o processo de saída
da Grã-Bretanha da União Europeia se iniciará na próxima 4ª feira, dia 29 de
Março, com a activação do artigo 50º do Tratado de Lisboa, dando-se assim
andamento aos resultados do referendo de 23 de Junho de 2016. Uma decisão desta
importância, que é tomada com base numa escassa vitória por 51.9% de votos no
referendo e contra a opinião do eleitorado da Escócia e da Irlanda do Norte é,
sem dúvida, uma decisão de alto risco, até porque são imprevisíveis as suas
conseqüências internas e externas. Internamente
há sérios riscos de desintegração do Reino Unido, com a Escócia a reclamar a
sua independência e a Irlanda do Norte a apostar na sua integração na República
da Irlanda, mas também se temem graves conseqüências económicas como a fuga de
empresas estrangeiras, a quebra de investimentos e a redução do seu comércio
externo. Externamente, também há muitos fantasmas a pairar, porque o exemplo
britânico pode ser a caixa de Pandora que acelere a desagregação da União
Europeia que, sem o Reino Unido, se torna mais fraca e mais vulnerável. A
incerteza está a dominar as opiniões públicas quanto ao futuro e quanto à crise que aí vem, havendo "estudos" que servem e justificam todas as
opiniões sobre as boas ou más consequências do Brexit.
Porém, uma das opiniões
menos conhecidas hoje veiculada pelo semanário francês La Vie, sugere que o Brexit é uma boa oportunidade para a Europa se reformar
e retomar os princípios do Tratado de Roma que muitos têm procurado não cumprir,
ao manterem-se amarrados aos seus nacionalismos e ignorando os princípios da
coesão e da solidariedade. Parece ser o caso britânico, que nunca aceitou ser igual
entre iguais e que, em boa verdade, nunca perdeu a sua arrogância imperial e
vitoriana, nem a sua hostilidade aos ventos continentais, não só os de Napoleão
e de Hitler, mas também os que agora sopram democraticamente de Bruxelas.
Aproximam-se tempos de crise, mas é das crises que surgem sempre as oportunidades de transformação.
Aproximam-se tempos de crise, mas é das crises que surgem sempre as oportunidades de transformação.