domingo, 16 de outubro de 2022

A questão de Taiwan e o pensamento de Xi

O 20º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) teve ontem o seu início em Pequim e os seus trabalhos vão durar uma semana. O congresso realiza-se de cinco em cinco anos e é o mais importante acontecimento da vida política chinesa pois reúne mais de dois mil delegados de todo o país e, no último dia, anuncia os nomes dos sete membros do Comité Permanente do Politburo de PCC, incluindo o actual secretário-geral Xi Jinping.
Ontem Xi Jinping fez o discurso de abertura do congresso e foi directo ao assunto que mais interessa à China e ao mundo, dizendo:

- Trabalharemos com a maior sinceridade e faremos todos os esforços em prol da reunificação pacífica [de Taiwan], mas não renunciaremos nunca ao uso da força e reservamos a possibilidade de adoptar todas as medidas necessárias.

- A resolução da questão de Taiwan é um assunto do povo chinês e deve ser resolvido apenas pelo povo chinês.

Xi Jinping disse, ainda, que “a reunificação da pátria deve ser alcançada e vai ser alcançada” e condenou “o separatismo e a interferência estrangeira” na questão de Taiwan, que é um caso de enorme tensão no Pacífico ocidental e no mundo. O caso nasceu em 1949, durante a guerra civil, quando as tropas comunistas de Mao Tse-Tung tomaram o poder e o general Chiang Kai-shek e o seu governo nacionalista se refugiaram na ilha Formosa ou Taiwan. Desde então, a China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos: Taiwan afirma-se como uma república soberana, mas a China insiste que é um território chinês dominado indevidamente por separatistas. Esse é o problema que gera o braço de ferro entre chineses e americanos, pois os Estados Unidos são o principal aliado de Taiwan e têm repetidamente afirmando que defenderão a ilha em caso de intervenção militar do regime de Pequim. O Congresso do PCC e as declarações de Xi Jinping foram notícia na imprensa ocidental e o jornal basco berria destacou a figura do líder chinês, mostrando Mao Tse-Tung como a sua sombra. Porém, não restam dúvidas que está ali o mais grave ponto de tensão do nosso planeta.

A bagunça governamental no Reino Unido

Os jornais britânicos têm concentrado o seu noticiário na crise política que está a atravessar o Reino Unido e que se tem acentuado desde que, no dia 6 de Setembro, as funções de primeira-ministra foram assumidas por Liz Truss.
Vários desses jornais, como o diário The Guardian, utilizam a palavra chaos e alguns comentadores dizem que o cenário é explosivo com a inflação a subir, o agravamento dos custos da energia, a decadência do National Health Service e a multiplicação de greves nos transportes, nos correios, na justiça e na saúde. Por outro lado, Liz Truss é considerada uma “vira casacas” política e ideológica, pois já defendeu a abolição da monarquia britânica e foi uma activíssima defensora da continuidade do Reino Unido na União Europeia, mas por ambição política sempre deu o dito por não dito. Porém, veio a chegar ao poder ao assumir-se como herdeira política de Margareth Thatcher, a “dama de ferro” de quem os conservadores britânicos têm saudades.
Uma das primeiras medidas de Liz Truss foi avançar com um plano económico e um mini-orçamento absolutamente desastrados, por quererem agradar a gregos e a troianos e por implicarem um défice gigantesco. As reacções foram fortes e o chanceler Kwasi Kwarteng, seu amigo e apoiante, foi demitido. Os parlamentares conservadores entraram em estado de choque e já pensam na substituição de Truss por algum dos candidatos que ela derrotou na corrida à liderança, ou mesmo pelo próprio Boris Johnson.
Entretanto, um deputado conservador afirmou que era insustentável que um partido histórico e o governo da sexta maior economia do mundo “tenham uma bagunça de primeiro-ministro”. Nem David Cameron, que falhou no Brexit, nem Theresa May, nem Boris Johnson, estiveram à altura das suas funções. Liz Truss vai pelo mesmo caminho.