quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Os americanos repensam o problema sírio

No passado mês de Setembro o governo sírio aceitou entregar o arsenal de armas químicas do seu exército a inspectores internacionais, de acordo com um plano apresentado pela Rússia, travando assim uma mais que provável intervenção americana contra alvos sírios, que o Presidente Obama tinha declarado ser “limitada, proporcional e consequente”. A partir de então, a Síria saiu da agenda dos media internacionais, embora a guerra tivesse continuado com muita dureza, assim como a ajuda militar aos opositores a Bashar El Assad que era fornecida por americanos e ingleses, mas também pela Arábia Saudita e pelo Qatar.
Passaram menos de três meses e, segundo revela hoje o diário espanhol El País, os Estados Unidos e o Reino Unido decidiram retirar a ajuda militar aos rebeldes sírios, designadamente ao Exército Livre Sírio (ELS), porque uma milícia do Estado Islâmico, uma nova amálgama de milícias opositoras do regime, assaltou a sede do Conselho Militar Líbio e vários dos seus depósitos de armas, capturando armas anti-aéreas e anti-tanque. Essa acção levou os Estados Unidos a suspender o apoio aos rebeldes do ELS com receio que essa ajuda vá parar às mãos dos grupos extremistas sunitas, aos jihadistas estrangeiros ou à Al Qaeda, isto é, os americanos parece que aprenderam, que  já repensam o problema sírio e que começam a perceber que a alternativa à ditadura de Bashar El Assad é uma ditadura fundamentalista.  Michael Hayden, o ex-director da CIA veio agora dizer que uma vitória de Bashar El Assad "é o melhor de três muito, muito horríveis cenários" e o único que pode evitar a fragmentação do país.
Entretanto, parece estar em preparação uma conferência de paz a iniciar provavelmente em Janeiro e bom seria que as nações mais poderosas ou mais influentes trabalhassem para a paz na Síria, tendo sempre em mente o que aconteceu ao Iraque e à Síria depois do derrube de Sadam Hussein e de Muamar Kadafi.   

A França também tem uma crise social

Por razões históricas e culturais que, ao longo do processo histórico nem sempre foram as melhores, há uma relação muito intensa entre Portugal e a França. Muitos milhares de portugueses e de luso-descendentes vivem em França e, por isso, tudo o que por lá se passa nos interessa.
Hoje, os jornais franceses destacam a “irrespirable” poluição de Paris e perguntam “pourquoi on respire si mal”, tratam do “chaos centrafricain” e dos dois soldados franceses que lá morreram e anunciam a ambição bretã de participar com uma equipa na America’s Cup de 2017. Porém, os mais surpreendentes destaques da imprensa francesa nas suas edições de hoje dizem respeito à situação social por que passa o país, que é um dos pilares da União Europeia.
O jornal Midi Libre que se publica em Montpellier analisa a situação social francesa, investiga a situação da pobreza e procura compreender essa nova realidade que é “vivre avec 600 euros”, enquanto o diário Le Figaro destaca em primeira página “ces jeunes qui ne voient plus leur avenir en France”. De facto, há muitos milhares de jovens franceses que estão a deixar o país na procura de alternativas para a falta de dinamismo da sua economia e para a não criação de novos empregos, que se verifica no “hexágono”. Esses jovens, afinal tão desesperados como os jovens portugueses, espanhóis, gregos ou italianos, dirigem-se para a Suiça, para a China ou para o Qatar, mas também para os Estados Unidos, para a Austrália e para o Canadá. A Europa está mesmo mal e não se vê quem cuide dela.