segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A equidade do passos-gasparismo

O jornal Correio da Manhã anuncia hoje que “Gaspar esconde salários milionários” e que se tem recusado a divulgar os vencimentos auferidos por altos cargos da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, E.P.E., que é a nova designação do antigo Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, I.P. Esta entidade foi criada no passado mês de Agosto, tem natureza empresarial, é dotada de autonomia administrativa e financeira e compete-lhe gerir de forma integrada, a tesouraria, o financiamento e a dívida pública directa do Estado.
Segundo o Correio da Manhã, com base na conversão do IGCP em empresa pública, o seu presidente e um vogal passaram a beneficiar de um regime remuneratório de excepção que lhes permite optar pelo salário médio dos últimos três anos. Assim, ambos auferem salários superiores ao do primeiro-ministro e, no caso do presidente do IGCP, o seu rendimento anual rondará os 300 mil euros.
Estes são mais alguns dos privilegiados do passos-gasparismo, isto é, são pessoas que embora desempenhem funções públicas, não abdicam de salários muito elevados nem de grandes mordomias, nem têm cortes de subsídios e, por vezes, nem sequer competência têm. Já havia dessa gente no BdP, na CGD, na RTP e em outras empresas, mas agora até na IGCP. É a equidade gaspariana. Como se vê, a tão falada equidade na repartição de sacrifícios não passa de propaganda.

Açores 2012 - um discurso de esperança

Realizaram-se ontem as eleições regionais na Região Autónoma dos Açores e o Açoriano Oriental – o jornal fundado em 1835 e que é o mais antigo jornal português - apresenta os resultados e, em primeira página, destaca que “açorianos dão maioria saborosa ao PS”. De facto, o Partido Socialista renovou a sua maioria absoluta ao conseguir eleger 31 deputados dos 57 mandatos regionais e ao vencer em oito das nove ilhas. Vasco Cordeiro sucede a Carlos César no Palácio de Sant’Ana e vai completar um ciclo de 20 anos de governação, exactamente o mesmo período em que o PSD governou o arquipélago a partir de 1976.
No seu discurso de vitória, o futuro presidente do governo regional reafirmou que vai enfrentar os desafios que os Açores têm pela frente “sem deixar ninguém para trás” e destacou “que os desafios são a criação de emprego, o apoio às famílias e empresas, a defesa dos idosos e a ajuda aos sectores mais fragilizados, mantendo esse grande activo que é a gestão rigorosa e equilibrada das finanças públicas”. Afirmou, ainda, que “todos são bem-vindos nesta tarefa que agora lideramos de levar os Açores para a frente”.
É um discurso mobilizador e de esperança, com uma marcada vertente social e de convergência política, que se distingue do palavreado vazio, do sectarismo, da arrogância e do discurso socialmente insensível do governo de Lisboa, sempre obediente às directivas da troika. Seria muito bom que o anticiclone dos Açores gerasse um vento que empurrasse essa sensibilidade social para o rectângulo, onde as pessoas são cada vez mais tratadas como unidades fiscais.