quarta-feira, 22 de maio de 2024

A diplomacia autónoma da Espanha

Nas últimas eleições gerais espanholas os eleitorers deram 12,4% dos votos ao partido Vox de Santiago Abascal. Este partido realizou em Madrid no passado fim-de-semana uma convenção, para a qual convidou os líderes de diversos partidos da extrema-direita, incluindo Marine Le Pen, Giorgia Meloni, Viktor Orbán e até o Ventura, mas também o presidente argentino Javier Gerardo Milei, que é o líder do partido La Libertad Avanza e que ganhou as eleições presidenciais argentinas em Dezembro de 2023. Alguns desses líderes deslumbraram-se e excederam-se nas suas declarações, violando as regras de boa conduta política que os visitantes estrangeiros devem ter no país anfitrião. O presidente Javier Milei foi longe demais nessa reunião ao referir-se ao governo de Pedro Sánchez como “socialismo maldito e cancerígeno” e ao acusar de corrupção a sua mulher. O governo espanhol não gostou e reagiu, exigindo respeito e um pedido de desculpas a Javier Milei, ao mesmo tempo que tratou de ameaçar a Argentina com uma resposta “à altura da dignidade de Espanha”. Daí que tenha começado por retirar a embaixadora de Espanha na República Argentina, conforme relata hoje o jornal catalão ara, o que é uma decisão grave no contexto das relações internacionais e da vida diplomática.
Porém, o governo espanhol tem outras frentes de intervenção diplomática e hoje anunciou que, no próximo dia 28, irá reconhecer a Palestina como um estado soberano, em simultâneo com a Noruega e a Irlanda.
Portanto, a Espanha destaca-se com uma diplomacia e uma política externa autónomas, sem subserviências aos novos ditadores, sejam argentinos ou israelitas, coisa que não fazem as autoridades que mandam ou que influenciam em Bruxelas.
Portanto, que viva a España e a sua diplomacia firme e autónoma!