quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Gaza: sem precedentes, limite ou piedade

A resposta israelita às barbaridades cometidas pelo Hamas no passado dia 7 de Outubro tem sido caracterizada por uma enorme brutalidade, que tem provocado a destruição das infraestruturas e do parque habitacional de Gaza, causando muitos milhares de mortos, a maioria dos quais é inocente e nada tem a ver com as práticas do Hamas. Houve uma esperançosa trégua acordada por razões humanitárias, mas depressa foram retomados os violentos bombardeamentos do território de Gaza, cada dia mais bárbaros e mais cruéis, feitos à revelia do direito humanitário, deixando claro que Israel não quer apenas a destruição do Hamas, mas que também quer riscar Gaza do mapa e expulsar os palestinianos daquele território. Hoje, o jornal francês Libération destaca os bombardeamentos de Gaza e classifica-os: sem precedentes, sem limite, sem piedade.
As imagens televisivas são esclarecedoras quanto à brutalidade da intervenção das IDF, as Forças de Defesa de Israel, mas uma parte do mundo tem assistido a toda esta violência desproporcionada sem expressar uma clara condenação da barbárie conduzida por Benjamin Netanyahu, à qual até se opõem os sectores moderados da sociedade israelita.
Neste contexto, continua a ser verdadeiramente lamentável a forma como a União Europeia mostra compreensão pela barbaridade israelita conduzida em nome do seu “direito de resposta”, ao mesmo tempo que revela uma gravíssima indiferença pelo sofrimento do povo palestiniano. Esperava-se mais de Charles Michel e de Ursula von der Leyen, mas também dos líderes de cada um dos 27 líderes dos estados-membros da União Europeia. Entretanto, são várias as vozes que vão condenando as atrocidades cometidas por Israel, com destaque para os líderes do Brasil e da Espanha, mas também de António Guterres. Outros, como o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, exigem que Benjamin Netanyahu seja julgado pelo Tribunal Penal Internacional, tendo-o já indiciado oficialmente com a acusação de cometer genocídio em Gaza.
Pergunta-se: quem poderá travar estes falcões que afirmam mover-se em nome da civilização?