A resposta
israelita às barbaridades cometidas pelo Hamas no passado dia 7 de Outubro tem
sido caracterizada por uma enorme brutalidade, que tem provocado a destruição das
infraestruturas e do parque habitacional de Gaza, causando muitos milhares de
mortos, a maioria dos quais é inocente e nada tem a ver com as práticas do
Hamas. Houve uma esperançosa trégua acordada por razões humanitárias, mas
depressa foram retomados os violentos bombardeamentos do território de Gaza, cada dia
mais bárbaros e mais cruéis, feitos à revelia do direito humanitário, deixando
claro que Israel não quer apenas a destruição do Hamas, mas que também quer
riscar Gaza do mapa e expulsar os palestinianos daquele território. Hoje, o
jornal francês Libération destaca os bombardeamentos de Gaza e classifica-os:
sem precedentes, sem limite, sem piedade.
As imagens
televisivas são esclarecedoras quanto à brutalidade da intervenção das IDF, as
Forças de Defesa de Israel, mas uma parte do mundo tem assistido a toda esta
violência desproporcionada sem expressar uma clara condenação da barbárie
conduzida por Benjamin Netanyahu, à qual até se opõem os sectores moderados da
sociedade israelita.
Neste contexto,
continua a ser verdadeiramente lamentável a forma como a União Europeia mostra
compreensão pela barbaridade israelita conduzida em nome do seu “direito de
resposta”, ao mesmo tempo que revela uma gravíssima indiferença pelo sofrimento
do povo palestiniano. Esperava-se mais de Charles Michel e de Ursula von der
Leyen, mas também dos líderes de cada um dos 27 líderes dos estados-membros
da União Europeia. Entretanto, são várias as vozes que vão condenando as
atrocidades cometidas por Israel, com destaque para os líderes do Brasil e da
Espanha, mas também de António Guterres. Outros, como o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, exigem que Benjamin Netanyahu seja
julgado pelo Tribunal Penal Internacional, tendo-o já indiciado oficialmente com
a acusação de cometer genocídio em Gaza.
Pergunta-se: quem poderá travar estes falcões que afirmam mover-se em nome da civilização?