É cada vez mais
um lugar comum dizer-se que o mundo está sob os ventos da insegurança e da
incerteza, não só devido aos conflitos que estão a desafiar a estabilidade em
diversas regiões do globo, mas também por causa da rivalidade e da competição
entre o Ocidente e o Oriente, ou entre o velho
mundo que tem dominado o planeta e o novo
mundo que está a despontar no continente asiático e que rejeita o modelo
unipolar que tem dirigido o nosso planeta. A mais recente edição do Courrier
International pergunta mesmo “se a China já ganhou” e, em subtítulo,
escreve:
“Perante um
Donald Trump errático que alienou parte do mundo, o regime chinês posiciona-se
como um polo de estabilidade, tecendo pacientemente a sua teia. E parece mais
forte do que nunca.”
A ilustração da
capa desta edição é esclarecedora e “vale mais do que mil palavras”, com uma
mancha de tinta vermelha em movimento que ameaça o planeta, pois já corre sobre
a África e sobre a Europa, começando a cobrir o Atlântico.
A revista
salienta que com a sua obcessão pelas tarifas alfandegárias, o presidente Donald
Trump está a acelerar o advento de um “século asiático”, que está a ser
construído em torno da China, acrescentando que essas tarifas se tornaram “a
cola que une os países asiáticos”, levando-os a criar novos mecanismos de
cooperação económica e comercial entre si.
Entretanto, a
nossa Europa vai mergulhando na irrelevância, ou mesmo na decadência, com os
seus dirigentes dominados por “esta vaidade a quem chamamos Fama”, como tão bem os definiu Luís de Camões, há quinhentos anos.