domingo, 23 de fevereiro de 2025

Zelensky marginalizado, isolado e traído?

O famoso estratega prussiano Carl von Clausewitz escreveu em 1832 que “a guerra nada mais é que a continuação da política por outros meios” e, assim sendo, se a guerra é muito cruel, também a crueldade faz parte da política.
Nos últimos anos a crueldade da guerra tem destruido uma boa parte da Ucrânia oriental e, neste espaço, sempre defendemos que, independentemente das razões das partes, era necessário parar com o sofrimento do povo e a brutal destruição do património ucraniano.
A guerra intensificou-se com a invasão russa de 24 de Fevereiro de 2022, mas logo em 29 de Março foram realizadas negociações em Istambul entre a Rússia e a Ucrânia para resolver o conflito. Porém, os acordos alcançados à mesa das negociações não foram implementados por não terem sido aceites por Volodymyr Zelensky, a quem Joe Biden, Boris Johnson e outros dirigentes europeus asseguraram apoio pelo “tempo que for preciso”. Até Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa repetiram essa frase e foram a Kiev apoiar Zelensky! 
A ideia de que a Ucrânia iria vencer a guerra foi largamente afirmada, por exemplo por Ursula von der Leyen e Emmanuel Macron. Em Fevereiro de 2024 apenas 10% dos europeus acreditava que a Ucrânia ia vencer a guerra, segundo revelou um estudo do Conselho Europeu. Apesar disso, a retórica de apoio a Zelensky e de fé na vitória continuou apoiada numa contínua acção de propaganda e o facto é que no Verão de 2024, as sondagens indicavam que os ucranianos acreditavam que iriam ganhar a guerra. Em Outubro, ainda Zelensky apresentou o seu “plano de vitória”. Porém, com a chegada de DT ao poder em Washington, a crueldade da política revelou-se, tão semelhante à crueldade da guerra. A retórica e a arquitectura de suporte à Ucrânia está a ruir e, na sua edição de ontem, a revista alemã Der Spiegel não destaca as importantes eleições na Alemanha, tendo escolhido a fotografia de Zelensky para ilustrar a sua capa, com a palavra “verraten”, isto é, “traído”.
Tal como aqui se escreveu há quatro dias, podemos perguntar: quem enganou Zelensky dizendo-lhe que ia ganhar esta guerra?