domingo, 7 de julho de 2019

O “regresso” de Elcano ao País Basco

A expedição de cinco navios comandada por Fernão de Magalhães, que tinha por objectivo a descoberta do caminho para as Molucas navegando por ocidente, largou de Sanlúcar de Barrameda no dia 20 de Setembro de 1519. No dia 27 de Abril de 1521, Magalhães foi morto em combate com os nativos na ilha de Mactan, no arquipélago das Filipinas e, depois, coube ao navegador basco Juan Sebastián Elcano a missão de conduzir a nau Victoria até ao ponto de partida, utilizando a rota dos portugueses, isto é, pelo cabo da Boa Esperança. Elcano chegou a Sanlúcar no dia 8 de Setembro de 1522 e a bordo da Victoria iam apenas 18 homens dos cerca de 240 que tinham iniciado a viagem. Embora não fosse esse o seu objectivo, o facto é que essa  viagem constituíu a primeira volta do mundo e, tanto Magalhães como Elcano, repartem essa honra.
Elcano veio a integrar a expedição de sete navios que largou da Corunha em 1525 sob o comando de Garcia Jofre de Loayza para reclamar as Molucas para o Rei de Espanha, mas veio a ser vítima do escorbuto quando a expedição já navegava no oceano Pacífico.
Juan Sebastián Elcano é, portanto, um dos grandes navegadores do século XVI e o navio-escola da Marinha de Espanha tem exactamente o seu nome. Ontem o navio chegou ao porto de Getaria, na província de Gipuzkoa, no País Basco, a fim participar nas cerimónias comemorativas dos 500 anos da viagem em que o navegador basco completou a volta ao mundo.
A visita do navio-escola espanhol à localidade onde nasceu Elcano foi recebida com grande entusiasmo e foi relatada por alguma imprensa nacional, que ilustrou as suas primeiras páginas com a fotografia do navio. O jornal El Correo, que se publica em Bilbau, foi original e escolheu o sugestivo título: Elcano vuelve a casa.

O Tour de France 2019 já aí está!

A 106ª edição da Volta à França começou ontem em Bruxelas e, depois dos ciclistas pedalarem 3460 quilómetros, terminará em Paris no dia 28 de Julho. Durante 22 dias estarão na estrada 176 ciclistas de 22 equipas e, entre eles, três portugueses: José Gonçalves do Team Katusha Alpecin, Nélson Oliveia do Movistar Team e Rui Costa do UAE Team Emirates.
O Tour de France é um dos mais importantes acontecimentos desportivos do mundo e desperta um enorme entusiasmo nos franceses. Este ano a corrida homenageia Eddy Merckx, o ciclista belga que a venceu por cinco vezes, estando a despertar um interesse adicional, não só porque o percurso é considerado muito duro e inclui cinco etapas de alta montanha, mas também porque o ciclista inglês Chris Froome, campeão do Tour em 2013, 2015, 2016 e 2017, vai estar ausente, o que faz aumentar as possibilidades de uma vitória francesa.
Independentemente dos seus aspectos desportivos, o Tour de France é um grande espectáculo de realização televisiva, não só porque informa sobre todos os detalhes desportivos da corrida, mas também porque constitui um notável exemplo de promoção turística e cultural da França ao mostrar grandes paisagens naturais e inúmeros elementos do património construído, incluindo palácios, castelos, igrejas, pontes e outros monumentos. As reportagens televisivas do Tour de France são documentos de promoção turística e de divulgação cultural imperdíveis, mesmo para quem não gosta do desporto velocipédico.

Até Cavaco beneficiou do saco azul do BES

No já longínquo dia 22 de Janeiro de 2006 realizaram-se eleições presidenciais em Portugal e o vencedor com 50,54% dos votos foi o candidato Aníbal Cavaco Silva, natural de Boliqueime, professor universitário e ex-primeiro-ministro. Mais tarde a imprensa noticiou e o google conserva essa informação, que a “Família Espírito Santo foi a principal financiadora da campanha de Cavaco em 2006” e que “Ricardo Salgado deu a quantia máxima”.
Em 2011 o presidente Cavaco Silva recandidatou-se e foi eleito com 52,95% dos votos, quando o mundo estava assolado por uma grave crise financeira surgida da chamada crise do subprime (2007) e da falência do centenário banco novaiorquino Lehman Brothers (2008). O turbilhão da crise chegara a Portugal e o BPN foi nacionalizado (2008) para evitar a sua falência e outros males maiores no sistema financeiro português. A crise financeira persistiu e o BES entrou em dificuldade que se revelou inultrapassável. O presidente Cavaco Silva esteve atento, até pela sua condição de economista e antigo director do Banco de Portugal. Então, durante uma viagem oficial à Coreia do Sul, afirmou que “os portugueses podem confiar no BES”, ao mesmo tempo que elogiava a actuação do Banco de Portugal. Cavaco quis ajudar os seus amigos do BES, mas o desastre aconteceu. Os milhares de clientes do BES que confiaram na sabedoria do Professor e na palavra do seu Presidente da República, ficaram arruinados.
Agora, a reportagem da última edição da revista Sábado revela que na campanha presidencial de 2011 houve um esquema de financiamento ilegal em que altos dirigentes do BES, supostamente a título pessoal, doaram cerca de 253 mil euros à candidatura de Cavaco Silva, para iludir a lei de financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais que, expressamente, proíbe os donativos de empresas e outras entidades colectivas. Só que esses dirigentes vieram a ser integralmente ressarcidos do seu “donativo” pelo fundo que agora é conhecido como o “saco azul” do BES, o que significa que terão incorrido no crime de financiamento ilegal de campanhas eleitorais. Esta situação mostra como o BES sempre ajudou Cavaco Silva nas suas campanhas eleitorais, designadamente através do seu famoso “saco azul”, pelo que o Ministério Público, através do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), parece querer esclarecer este caso. Mas porquê só agora? Contudo, vale mais tarde do que nunca.