A edição de hoje
do diário francês L’Humanité, um jornal que tem 117 anos de idade e que até 1994
foi o órgão oficial do Partido Comunista Francês, exibe na sua capa uma
fotografia em que Vladimir Putin cumprimenta Marine Le Pen, mostrando a palavra
“fascínio” como título dessa imagem. Depois, em sub-título, o jornal acrescenta
que “seduzidos pelo autoritarismo do chefe do Kremlin, Marine Le Pen e Éric
Zemmour reforçaram os laços políticos, ideológicos e financeiros com o regime
russo”, isto é, a extrema-direita está fascinada com Putin.
Entretanto, as
eleições presidenciais francesas vão realizar-se nos próximos dias 10 e 24 de
Abril e as últimas sondagens indicam as seguintes intenções de voto: Emmanuel
Macron (27.5%), Marine Le Pen (20%), Jean-Luc Mélenchon (15%), Valérie Pécresse
(10%) e Éric Zemmour (10%). As mesmas sondagens indicam que Macron será o
vencedor na segunda volta, qualquer que seja o seu adversário.
Porém, com a
invasão russa da Ucrânia, tanto Marine Le Pen como Éric Zemmour, ambos
candidatos de extrema-direita, estão a enfrentar dificuldades devido às suas “positions
pro-Russes”, pelo que vêm conduzindo uma “opération volte-face”. Já o candidato
de esquerda Jean-Luc Mélenchon que admirava a política de Putin, foi o primeiro
a desligar-se das posições de Moscovo, logo que começou a invasão da Ucrânia.
O tema da invasão
russa da Ucrânia tem animado a campanha eleitoral francesa e, segundo o
jornalista Benjamin Konig, a extrema-direita francesa e uma parte da direita estão
profundamente ligadas ao “régime poutinien”. Poucos imaginariam isso.
Naturalmente, a actual crise na
Ucrânia está bem presente na campanha eleitoral francesa e muitos candidatos têm
apelado à retirada das tropas russas, mas também à não-intervenção da NATO, dos
Estados Unidos e da União Europeia.