terça-feira, 22 de março de 2022

Os amigos de Putin e as eleições francesas

A edição de hoje do diário francês L’Humanité, um jornal que tem 117 anos de idade e que até 1994 foi o órgão oficial do Partido Comunista Francês, exibe na sua capa uma fotografia em que Vladimir Putin cumprimenta Marine Le Pen, mostrando a palavra “fascínio” como título dessa imagem. Depois, em sub-título, o jornal acrescenta que “seduzidos pelo autoritarismo do chefe do Kremlin, Marine Le Pen e Éric Zemmour reforçaram os laços políticos, ideológicos e financeiros com o regime russo”, isto é, a extrema-direita está fascinada com Putin.
Entretanto, as eleições presidenciais francesas vão realizar-se nos próximos dias 10 e 24 de Abril e as últimas sondagens indicam as seguintes intenções de voto: Emmanuel Macron (27.5%), Marine Le Pen (20%), Jean-Luc Mélenchon (15%), Valérie Pécresse (10%) e Éric Zemmour (10%). As mesmas sondagens indicam que Macron será o vencedor na segunda volta, qualquer que seja o seu adversário.
Porém, com a invasão russa da Ucrânia, tanto Marine Le Pen como Éric Zemmour, ambos candidatos de extrema-direita, estão a enfrentar dificuldades devido às suas “positions pro-Russes”, pelo que vêm conduzindo uma “opération volte-face”. Já o candidato de esquerda Jean-Luc Mélenchon que admirava a política de Putin, foi o primeiro a desligar-se das posições de Moscovo, logo que começou a invasão da Ucrânia.
O tema da invasão russa da Ucrânia tem animado a campanha eleitoral francesa e, segundo o jornalista Benjamin Konig, a extrema-direita francesa e uma parte da direita estão profundamente ligadas ao “régime poutinien”. Poucos imaginariam isso.
Naturalmente, a actual crise na Ucrânia está bem presente na campanha eleitoral francesa e muitos candidatos têm apelado à retirada das tropas russas, mas também à não-intervenção da NATO, dos Estados Unidos e da União Europeia.